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Por Coluna
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
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Longe da quinta potência

A economia precisaria crescer no incrível ritmo de 14% ao ano

Por Maílson da Nóbrega 20 nov 2022, 08h00

O ministro da Economia, Paulo Guedes, em seu conhecido linguajar hiperbólico, previu recentemente que o Brasil “deve emergir como uma das cinco maiores potências do mundo em cinco, dez ou vinte anos”. Será? Hoje, as cinco maiores economias são, pela ordem, Estados Unidos, China, Japão, Alemanha e Reino Unido. O Brasil é a 15ª, depois de ter chegado perto da sexta há poucos anos. A queda decorreu da redução da produtividade, a fonte básica de geração de riqueza e da qual depende a expansão do PIB, do emprego e da renda.

Se o ministro estivesse certo, o Brasil tomaria em breve o lugar do Reino Unido, cujo PIB atingiu 2,67 trilhões de dólares em 2021. O do Brasil era, então, pouco mais da metade: 1,44 trilhão de dólares. Na última década, os britânicos cresceram mais rapidamente, pois a média anual de seus ganhos de produtividade foi 1,5%, frente a apenas 0,3% dos brasileiros. A situação pode inverter-se no próximo quinquênio (previsões de 1,9% para nós, 1,6% para eles), mas não o suficiente para ganharmos a corrida. Seria preciso que nosso PIB dobrasse no período, crescendo 14% ao ano, e esperar que o deles estagnasse. Nem mesmo a China, no auge de seu espetacular ritmo de expansão econômica, chegou a tanto. A média nesse período foi de crescimento anual médio de 12%.

“Infelizmente, nosso país é prisioneiro da armadilha do baixo crescimento”

A Índia é a maior candidata a ser a próxima quinta maior potência econômica, o que pode acontecer já em 2022, conforme projeções do FMI. O Brasil melhoraria sua posição em 2026, mas alcançaria apenas o 11º lugar. Infelizmente, nosso país é prisioneiro da armadilha de baixo crescimento. Nos últimos quarenta anos, crescemos menos do que os nossos pares na América do Sul; nos últimos vinte anos, menos do que os países emergentes; e, nos últimos cinco anos, menos do que os países ricos.

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São vários os fatores que explicam essa tragédia: (1) acelerada deterioração fiscal e do sistema tributário, provocada pela Constituição de 1988; (2) economia relativamente fechada ao comércio internacional, o que inibiu a inovação e os ganhos de produtividade; (3) queda dos investimentos públicos, o que piorou o sistema de transportes e a operação da logística; e (4) a má qualidade da educação.

O Brasil poderia superar essa armadilha, pois possui inúmeras vantagens estruturais: instituições fortes, democracia consolidada, agronegócio e setor mineral competitivos, sistema financeiro sólido e sofisticado e sadio balanço de pagamentos. O mercado de capitais tem despontado como fonte básica de crédito de longo prazo para financiar investimentos. Há um enorme potencial de ganhos na economia verde e no comércio global de carbono. Falta-nos um elemento essencial nesse conjunto: um Estado que assegure o equilíbrio macroeconômico de longo prazo, além de educação de qualidade, bem como segurança jurídica e previsibilidade típicos de um bom ambiente de negócios. Isso depende de reformas estruturais complexas, não de retórica.

Publicado em VEJA de 23 de novembro de 2022, edição nº 2816

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