PRORROGAMOS! Assine a partir de 1,50/semana
Imagem Blog

Maílson da Nóbrega

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história

A moeda comum é difícil e desnecessária neste momento

Moeda comum e moeda única são sinônimos. A discussão em curso mais parece com pagamentos de operações de comércio exterior em moeda local

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 24 jan 2023, 19h55 - Publicado em 24 jan 2023, 15h17

Muitos, incluindo este escriba, entenderam que o Brasil e a Argentina estariam discutindo a criação de uma moeda única nos moldes do euro. Era o que pensava o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quando escreveu, em conjunto com seu atual secretário-executivo, Gabriel Galípulo, artigo para o jornal Folha de S. Paulo em abril de 2022 (Criação de moeda sul-americana pode acelerar integração regional). 

Na segunda-feira, 23, o ministro anunciou a criação de uma moeda comum, com o objetivo de fomentar as trocas comerciais entre o Brasil e a Argentina. Não haveria renúncia ao real nem ao peso. A nova moeda serviria apenas para transações comerciais e financeiras. Seria diferente do euro, que é uma moeda única. Acontece que moeda comum e moeda única são sinônimos. Na Zona do euro, as duas expressões são usadas indistintamente. O euro começou em 1999 para uso em transações comerciais e financeiras. Somente em 2002 vieram as notas e as moedas. Nunca houve essa diferença. 

Na verdade, a discussão atual se assemelha à criação de mecanismos para o pagamento de exportações e importações em moeda local. A ideia foi discutida nos anos 1980, quando o Brasil vivia situação de escassez aguda de divisas, que prejudicava o comércio exterior. Por razões que hoje tendem a se manter, a ideia não vingou. Além do mais, não seria necessária uma moeda comum para atingir o objetivo. 

O exportador brasileiro não está interessado em receber pesos por suas vendas. O exportador argentino tampouco deseja receber reais. Garantias reais assegurariam o pagamento pela importação, mas não levaria a que isso fosse feito em dólares. O ministro Haddad falou na criação de um fundo de garantia, mas de onde viriam os recursos? 

As exportações brasileiras para a Argentina caíram substancialmente, espaço que foi ocupado em grande parte pela China. O ministro Haddad atribui isso à escassez de dólares na Argentina. Mais provável é que a redução decorra da combinação de perda de competitividade dos produtos brasileiros e de condições financeiras vantajosas que os chineses oferecem aos importadores argentinos, que dificilmente poderíamos oferecer.

Continua após a publicidade

Mesmo que fosse necessária, a moeda única seria inviável diante do grave desequilíbrio macroeconômico argentino. Nossos hermanos enfrentam inflação próxima de 100% ao ano, enquanto o Brasil se vê às voltas com séria crise fiscal. Isso seria fonte de alta volatilidade, incompatível com o funcionamento de uma moeda comum.

Foi prudente criar um grupo de trabalho para estudar o assunto. Tudo indica que a presença de técnicos dos dois bancos centrais nesse grupo evidenciará as dificuldades para viabilizar as promessas feitas em Buenos Aires, o que pode incluir o descarte da ideia de criação de uma moeda única.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.