Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Imagem Blog

Maílson da Nóbrega

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
Continua após publicidade

A falácia da ameaça comunista

Uma mudança de regime exigiria alteração na Constituição

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 4 jun 2024, 12h24 - Publicado em 27 ago 2022, 08h00

O retorno de Lula à corrida presidencial, por ora com chances de vitória, reacendeu velhos mitos sobre ameaças às liberdades individuais e à estatização total do país. Passaríamos a viver os tempos da revolução bolchevista, de 1917, da qual nasceram a União Soviética e o regime comunista na Rússia. É assim que pensa o presidente Jair Bolsonaro. “Peço a Deus que os brasileiros não experimentem as dores do comunismo”, é o lema que costuma propagar. Só os incautos caem nessa lorota.

O comunismo prometia a abundância, mas eliminou o mercado livre e aboliu a propriedade privada, tornando aquele objetivo uma mera utopia. Os preços eram fixados pelo governo, e não pela lei da oferta e da procura. Perdia-se a referência do sistema de preços como gerador de decisões. Inexistiam incentivos à inovação, que é a fonte básica de ganhos de produtividade e, assim, de expansão da economia, do emprego, da renda e do bem-estar nas sociedades capitalistas.

“A sociedade brasileira jamais abdicaria da liberdade de falar, ir e vir, e de decidir seu próprio futuro”

O colapso da União Soviética (1991) derivou, em grande parte, da incapacidade de ofertar adequadamente alimentos e outros bens de consumo. As imensas filas refletiam a escassez e o racionamento. O mercado negro equivalia a 10% do PIB. Até os anos 1960, a economia crescia pelo impulso da indústria de base, particularmente da manufatura de aço, da fabricação de armas e da corrida espacial. A produção siderúrgica avançava rapidamente e tendia a superar a americana. Na época, acreditava-se que fabricar aço em larga escala era sinal de pujança da economia. Mais tarde, viu-se que o vigor da siderurgia comunista retratava ineficiências. O trator soviético pesava oito vezes mais do que o americano. O comunismo era um sistema inferior.

No livro Camaradas — Uma História do Comunismo Mundial, o historiador britânico Robert Service mostrou que os soviéticos “jamais conseguiram superar ressentimentos sociais ou o apático desinteresse popular por seus objetivos”. Mais: “perseguiram as religiões sem conseguir eliminá-las. A ordem abaixo da liderança política tinha de se adaptar a certo grau de desobediência e obscurantismo sem igual nas democracias liberais”. Para se sustentar, o regime se tornou opressivo. São muitas as razões, portanto, que explicam o fracasso do comunismo, que hoje sobrevive como tal em apenas dois países pobres, Cuba e Coreia do Norte.

Continua após a publicidade

Pessoas bem-educadas se influenciam pela lenda. Ignoram que nossa sociedade é majoritariamente conservadora e jamais abdicaria da liberdade de falar, de ir e vir, e de decidir seu próprio futuro. Uma imprensa vigilante seria um contraponto à ameaça. O comunismo requereria alterar a Constituição — o que depende do apoio de 60% dos votos de cada uma das Casas do Congresso — com o objetivo de eliminar a liberdade de expressão e outros direitos e garantias iluministas. A esquerda nunca passou de 30% da Câmara e do Senado. Somente os mal informados podem temer essa mudança, mas os mal-intencionados teimam em divulgá-la.

Publicado em VEJA de 31 de agosto de 2022, edição nº 2804

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.