Último mês: Veja por apenas 4,00/mês
Imagem Blog

CannabiZ

Por André Sollitto e Ricardo Amorim Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Novidades e reflexões sobre o mercado da cannabis legal, no Brasil e no mundo
Continua após publicidade

O desafio do mercado da cannabis medicinal no Brasil

Blog abre conversas sobre o futuro da planta e derivados. Primeiro entrevistado é Juan Rodriguez, CFO da NetCann, empresa uruguaia recém-chegada ao país

Por Ricardo Amorim Atualizado em 17 jun 2022, 16h02 - Publicado em 17 jun 2022, 15h02

Assim como acontece no resto do mundo, o principal desafio do mercado brasileiro da cannabis legal é saber qual o seu real tamanho e o seu potencial de crescimento. Inúmeras variáveis devem ser consideradas nessa equação, cujo fator preponderante é a inescapável lei da oferta e da demanda. A considerar apenas o noticiário recente, temos visto uma verdadeira invasão de marcas e produtos de cannabis destinados aos pacientes do Brasil. Empresas brasileiras, uruguaias, colombianas, canadenses, americanas, paraguaias e portuguesas, entre outras, parecem brotar por geração espontânea. Frente a tal cenário, a pergunta óbvia é: há pacientes para tanto remédio? A resposta hoje é, definitivamente, não.

É verdade que o número de registros e importações de produtos de cannabis vem crescendo de forma rápida e consistente no país. Segundo dados da BRCANN (Associação Brasileira da Indústria de Canabinoides), as autorizações da Anvisa cresceram 113% em 2021 na comparação com o ano anterior. Também já temos quase duas dezenas de produtos registrados no Brasil, que podem ser comprados diretamente nas farmácias mediante a apresentação de receituário específico. Diante dos números, fica fácil concluir que o mercado brasileiro da cannabis medicinal não encontra problemas no lado da oferta. Mas o que dizer da demanda? De forma legal, só é possível obter os produtos à base da planta com receita médica. Pouquíssimos médicos (2% dos CRMs ativos, nas estimativas mais recentes), no entanto, os prescrevem, seja por desconhecimento, preconceito, desinformação ou falta de confiança nos dados existentes.

Para iluminar essa questão, a meu ver fundamental para o futuro da cannabis no Brasil, inicio hoje uma série de conversas com atores interessados no desenvolvimento sustentável do mercado da planta e seus derivados no país. O primeiro entrevistado é o uruguaio Juan Francisco Rodriguez, CFO da NetCann, empresa fundada em 2019 no país vizinho e que começou a atuar recentemente no Brasil. O executivo se diz um otimista não apenas em relação ao cenário local, mas também graças ao que aponta como “uma tendência mundial de crescimento dos mercados para a cannabis”. Para ele, trata-se apenas de uma questão de tempo para que os investimentos no setor comecem a dar o retorno esperado. “No Uruguai, já temos 10 anos de regulamentação e só agora o mercado está mais consolidado, mas ainda assim apresenta bom potencial de expansão. No Brasil só temos dois anos com as regras mais recentes, então ainda há um longo caminho a percorrer, com muitas oportunidades”, afirma.

Rodriguez faz um paralelo do momento atual da cannabis com o começo dos anos 2000, quando estourou a bolha financeira das chamadas pontocom, frustrando bilhões em investimentos e quebrando uma série de empresas antes consideradas promissoras. “Naquela época, muita gente quebrou e perdeu dinheiro, mas, se você olhar o longo prazo, hoje as empresas de tecnologia e de serviços digitais estão entre as marcas mais valiosas do mundo, com operações saudáveis e lucrativas”, compara. Mas e os investidores? Estão dispostos a esperar todo esse tempo? O executivo garante que sim e diferencia o capital especulativo, de curto prazo, daquele que faz apostas mais consistentes com a realidade dos negócios e tem prazo de maturação mais longa. “Temos de entender que fazemos parte da indústria farmacêutica, um setor que tradicionalmente avança de forma mais lenta, justamente por ter de obedecer a uma série de regras e tomar precauções para garantir a segurança dos pacientes e proteger a saúde pública”, explica.

A receita da NetCann para prosperar no Brasil não é muito diferente daquelas de seus concorrentes: pesquisas científicas, lançamento de novos produtos e educação médica. “Além de educar os médicos sobre as propriedades terapêuticas da cannabis, queremos investir em mais estudos para ampliar o espectro de enfermidades para as quais a planta pode ser indicada. Outra frente importante é o desenvolvimento de novas fórmulas e formas de administração, gerando valor em propriedade intelectual, tecnologias proprietárias e registro de patentes. Esse é o grande potencial que eu enxergo para o Brasil e a América Latina”, conclui. Essa tese de longo prazo não é inédita e, de forma geral, é compartilhada por boa parte daqueles que acompanham e atuam nesse mercado. A dúvida, porém, persiste: os investidores poderão esperar? Os pacientes não podem.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.