Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
ASSINE VEJA NEGÓCIOS
Imagem Blog

Alexandre Schwartsman

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Economista, ex-diretor do Banco Central

Andando em círculo

A desaceleração do PIB revela os limites do modelo econômico

Por Alexandre Schwartsman 12 dez 2025, 06h00 • Atualizado em 12 dez 2025, 10h50
  • A economia está em desaceleração. Segundo o IBGE, no terceiro trimestre o PIB cresceu apenas 0,1%. Assim, o crescimento em doze meses, que atingira 3,6% em março deste ano, o melhor resultado desde o início de 2022, caiu para 2,7%, e a perspectiva é que fique na casa de 2,3% em 2025. A causa próxima é a perda de fôlego da demanda interna, que no fim do ano passado se expandia a pouco menos de 5%, liderada pelo consumo, mas que nos doze meses até setembro aumentou cerca de 2,5%. Um olhar mais detalhado sugere que a desaceleração do consumo é o principal fator por trás do processo.

    Descendo mais um nível na cadeia causal, a razão mais provável para isso é o aumento da taxa de juros promovido pelo BC desde setembro de 2024, de 10,5% para 15% ao ano, que encarece o crédito e, portanto, freia o ímpeto dos consumidores. Trata-se, assim, de um fenômeno intencional: o BC quis desacelerar a economia e o fez por meio de seu principal instrumento.

    Não se trata de sadismo do Copom, embora não falte quem acredite nessa hipótese. A razão adulta, porém, é bem mais simples: a economia estava sobreaquecida, isto é, crescendo além do ritmo que poderia sustentar de maneira compatível com a inflação convergindo para a meta. Isso é evidente no comportamento da inflação, que recuara até 3,7% em abril do ano passado, para atingir 5,5% nos doze meses até abril de 2025.

    “A lição é que crescimento de verdade requer investimento e produtividade, não gastos e favores”

    Contra esse pano de fundo, a questão realmente séria é saber por que o Brasil não consegue crescer mais rápido sem que isso leve a inflação a se distanciar da meta, fazendo com que o BC, na falta de outra autoridade responsável, tenha frequentemente de pisar no freio.

    Continua após a publicidade

    O principal motivo é o desempenho lamentável da produtividade. De 2012 para cá, o produto por trabalhador ficou praticamente estagnado, apesar do impulso da agricultura, cuja produtividade aumentou ao ritmo de 6% ao ano. Assim, para aumentar a produção em geral, a única saída é contratar mais pessoas. Todavia, isso não pode continuar indefinidamente: em algum momento a mão de obra começa a escassear e, portanto, os salários começam a subir além da produtividade, o que, convenhamos, não é difícil à luz dos números acima mencionados. O aumento dos custos, principalmente no setor de serviços — que não está sujeito à concorrência externa —, acaba se tornando repasse e aumento de preços.

    Não por outro motivo, a inflação de serviços, principalmente os intensivos em trabalho, tem puxado o IPCA. O aumento do investimento poderia mitigar esse problema, mas a verdade é que o investimento nos últimos três anos nem sequer chegou a 17% do PIB, enquanto, entre 2007 e 2013, atingiu em torno de 21% do PIB. Investíamos mais naquele momento, entre outras coisas, porque também poupávamos mais: 18% do PIB ante 14,5% do PIB nos últimos três anos.

    Tais números sublinham os limites do modelo de crescimento baseado no consumo, patrocinado pelo atual governo, cuja política de gastos enfatiza o aumento das transferências, que, nas palavras do presidente, “fazem a economia circular”. Preciso, se interpretarmos como “fazer a economia andar em círculos”, mas crescimento de verdade requer investimento e produtividade, não gastos e favores, lição que o atual governo ainda não entendeu.

    Publicado em VEJA de 12 de dezembro de 2025, edição nº 2974

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    15 marcas que você confia. Uma assinatura que vale por todas.

    OFERTA RELÂMPAGO

    Digital Completo

    O mercado não espera — e você também não pode!
    Com a Veja Negócios Digital , você tem acesso imediato às tendências, análises, estratégias e bastidores que movem a economia e os grandes negócios.
    De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 1,99/mês
    OFERTA RELÂMPAGO

    Revista em Casa + Digital Completo

    Veja Negócios impressa todo mês na sua casa, além de todos os benefícios do plano Digital Completo
    De: R$ 26,90/mês
    A partir de R$ 9,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$1,99/mês.