Carne Fraca: PF prende ex-servidor acusado de destruir provas
Preso foi superintendente da pasta em Goiás e é acusado de ter destruído provas de desvios após a deflagração da primeira fase da operação, em março
A Polícia Federal realizou, nesta quarta-feira, a segunda fase da Operação Carne Fraca, que investiga o recebimento de vantagens ilícitas por servidores do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) em troca de fraudes em processos de vigilância de produtores de alimentos. A nova fase prendeu Francisco Carlos de Assis, ex-superintendente do MAPA em Goiás, acusado de ter destruído provas após o início das investigações, em março.
Além da prisão preventiva (sem prazo definido para libertação) de Assis, os agentes cumpriram três mandados de busca e apreensão. O ex-superintendente teria, segundo a PF, participado de um esquema entre “uma grande empresa do ramo alimentício”e de um outro servidor, que presidia o Serviço de Inspeção em Produtos de Origem Animal (Sipoa) de Goiás, atuando para eliminar os registros.
Na negociação, a “grande empresa” teria subornado os agentes para evitar a interdição de uma unidade, decisão que deveria ocorrer com base em uma fiscalização ocorrida. Procurada, a Polícia Federal disse que não vai identificar a empresa em questão. O preso será transportado para Curitiba, onde o caso está registrado.
A operação
Em 17 de março, a Operação Carne Fraca foi deflagrada com status de maior ação já realizada na história da Polícia Federal. Mais de 1,1 mil policiais, cumprindo mais de 300 mandados judiciais, quase 40 de prisão, preventiva ou temporária. A primeira fase visou a atuação de Daniel Gonçalves Filho, ex-superintendente da Agricultura no Paraná, considerado o responsável por um esquema de propina em troca de vantagens indevidas a frigoríficos de todos os portes.
Autorizada pelo juiz federal Marcos Josegrei da Silva, a Carne Fraca bloqueou cerca de um bilhão de reais, entre contas e bens de investigados. Nos dias que se seguiram, diversos países ameaçaram restringir a compra de carne brasileira, o que levou o ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), e o presidente Michel Temer (PMDB) a fazerem eventos e viagens para convencer governos estrangeiros a continuarem acreditando na qualidade dos produtos.