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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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O preço do ‘Dia do Fico’ de Guedes

Para permanecer no cargo, o ministro cedeu R$ 5 bilhões para obras. Pode ser só o começo

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 ago 2020, 08h30 - Publicado em 18 ago 2020, 12h35

Paulo Guedes sobreviveu mais um dia. Na noite desta segunda, 17, depois de uma tarde de boatos com queda na Bolsa de Valores e alta no dólar, o presidente Jair Bolsonaro disse ao repórter Leandro Magalhães, da CNN, que “Paulo Guedes é aliado de primeira hora. Entramos juntos no governo e vamos sair juntos”. Acabou a crise? Nem de longe. Como o próprio Guedes reconheceu depois do aval presidencial, “acho difícil você encontrar alguém que vai estar sempre à vontade. É um cargo difícil”. No Ministério da Economia, todo dia é segunda-feira.

A permanência de Guedes vai custar R$ 5 bilhões, o valor que ele precisou concordar em ceder para obras dos Ministérios da Integração Regional e Infraestrutura. Como o pedido dos dois ministérios era de R$ 30 bilhões, parece um supernegócio, mas em Brasília você só precisa de uma brecha para passar um rio. Quando esses R$ 5 bilhões forem gastos, a pressão por mais verbas voltará.

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Guedes está mais fragilizado que uma semana atrás e, para recuperar o tamanho anterior, terá de se adaptar. Vai precisar construir pontes e fazer amigos, em vez de exibir o seu desprezo intelectual por todos que o rodeiam. Na reunião ministerial de 18 de abril, Guedes comparou o ministro da Casa Civil, general Braga Neto, à ex-presidente Dilma Rousseff. O general ficou ofendido. Em outras ocasiões, Guedes chamou o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, de “traidor” e minimizou o conhecimento dos ministros militares com as quatro operações básicas de aritmética. A sua relação com os congressistas, regularmente comparados pelo ministro com “chantagistas”, é ruim. Pesquisa da Necton/Vector mostrou que os líderes e vice-líderes dos partidos dão uma nota média de 5,22, abaixo por exemplo do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto (6,11), que tem menos contato com parlamentares. Com os jornalistas, Guedes já perdeu a credibilidade com a sua mania de prometer “para a semana que vem” um projeto que ele está devendo desde o ano passado.

Controlar a língua é parte do tratamento, mas não cura as feridas na credibilidade perdida. Esse último imbróglio começou provocado pelo próprio Guedes ao definir como “debandada” o pedido de demissão de dois secretários ineficientes. Deveria aproveitar para remontar sua equipe com profissionais que entendam o funcionamento da máquina pública e tenham brilho próprio. Preferiu burocratas e agora o time do Ministério da Economia é “Guedes e mais dez”, o que significa que toda vez que ele for atingido, a equipe inteira sofre.

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Com o episódio das demissões, Guedes provocou um tumulto desnecessário confiando cegamente que o efeito no mercado financeiro dos rumores da sua possível saída assustaria o presidente e os ministros generais a ponto de se convencerem do controle fiscal. Só que não. A gangorra do mercado financeiro nos últimos dias foi intensa, mas não um desastre, especialmente porque assessores presidenciais vazaram que o eventual substituto de Guedes seria Campos Neto, um nome apreciado pelos operadores. 

É uma vantagem de Guedes ter uma relação direta com os principais bancos e corretoras, mas é pouco ter o índice do Ibovespa como o seu único trunfo. Guedes precisa entender que um presidente pode até se preocupar com o índice do Ibovespa, do câmbio, da inflação…, mas de verdade, só se interessa pelos indicadores da sua popularidade.

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