BNB vai encerrar contrato com ONG para neutralizar cabo eleitoral de Lula
Banco fará uma licitação para escolher novo operador do maior programa de microcrédito da América Latina
O Banco do Nordeste vai encerrar integralmente o contrato com o Instituto Nordeste Cidadania (Inec). Em reunião ontem no BNB, o presidente executivo do Inec, Stélio Gama Lyra Júnior, foi informado pelo novo presidente do banco, Anderson Possa, que o contrato que vence no dia 31 de dezembro não será renovado e o banco fará uma licitação para definir um novo operador do programa em todos os estados. A notícia caiu como uma bomba para a diretoria da ONG, que opera o Crediamigo, o maior programa de microcrédito da América Latina. A ONG possui 470 unidades de atendimentos em 2 mil municípios, de 11 estados, e se relaciona com mais de 3 milhões de clientes em uma carteira de 15 bilhões de reais.
A crise que levou à ruptura é política e começou há dez dias quando o presidente Jair Bolsonaro foi informado que o programa de microcrédito no Nordeste era operado por uma ONG comanda por petistas. Ou seja, o presidente entendeu que estava patrocinando um tremendo cabo eleitoral de Lula no Nordeste. O presidente ligou para o presidente do PL, Waldemar da Costa Neto, cobrando explicações, já que o então comandante do banco, Romildo Rolim, foi indicado pelo partido. Alguns dias depois, Costa Neto foi às redes sociais pedir a demissão de toda a diretoria, colocando suspeitas sobre o contrato de cerca de 600 milhões de reais com a ONG. O contrato já resiste a vários governos e foi feito em 2003, ainda no governo Lula. Com a saída de Rolim, o cargo foi ocupado interinamente por Anderson Possa, funcionário de carreira da Caixa Econômica Federal e que por orientação de Bolsonaro, iniciou agora a licitação do Crediamigo.