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Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
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Tormentas que continuam longe

O Brasil se distanciou das crises financeira e cambial

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 16 jul 2021, 10h44 - Publicado em 16 jul 2021, 06h00

A pandemia de Covid-19 e seus terríveis efeitos serão lembrados por muito tempo, mas cabe recordar que ficaram distantes duas outras graves crises: a financeira e a do balanço de pagamentos, também conhecida como crise cambial.

Até o fim do século passado, essas duas crises causavam enorme destruição econômica. A financeira se caracterizava por quebra de bancos em cadeia e forte contração do crédito. Faliam as empresas mais endividadas e as que dependiam do financiamento do capital de giro.

A crise cambial começava com a valorização da moeda via manejo da taxa de câmbio pelo governo, que reduzia a competitividade dos produtos brasileiros. Cresciam as importações e os déficits comerciais ficavam insustentáveis. Depois, vinham as maxidesvalorizações corretivas, que explodiam a inflação, destruíam empresas e ampliavam o desemprego. A crise podia vir também do exterior, com efeitos semelhantes. Foram os casos das do petróleo de 1973 e 1979 e da moratória mexicana de 1982, que provocou uma parada súbita da oferta de crédito externo.

“O país perdeu dinamismo, mas estaria pior se ainda estivesse suscetível a esses impactos”

A crise financeira sumiu a partir de 1987, graças a mudanças institucionais. O Banco Central (BC) deixou de agir como banco de fomento, dedicando-se à estabilidade da moeda e do sistema financeiro. Com a adesão do Brasil ao Acordo de Basileia e a criação do Comitê de Política Monetária, o BC tornou-se um regulador eficaz, comparável aos melhores do mundo, capaz de monitorar o sistema financeiro e contribuir para sua solidez. Estamos há 25 anos sem crise financeira, um período sem paralelo. O acesso ao crédito se ampliou.

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Na área do balanço de pagamentos, o câmbio flutuante nasceu em 1999. Agora, as intervenções do BC visam a evitar volatilidade excessiva da taxa de câmbio. O tripé macroeconômico — metas para a inflação, câmbio flutuante e austeridade fiscal — melhorou muito a gestão macroeconômica. Ao mesmo tempo, nos beneficiamos do ciclo de preços de commodities de 2000-2014, de maior acesso aos mercados internacionais de capitais, do êxito na exportação de bens primários e da queda de risco do país.

Assim, acumulamos reservas internacionais, o que reforçou a confiança interna e externa na economia. Apesar de erros do segundo mandato de Lula e da gestão de Dilma Rousseff, as contas externas se mantêm saudáveis. As reservas, de 353 bilhões de dólares, superam tanto a dívida pública externa, de 79 bilhões de dólares, quanto o endividamento externo total, de cerca de 300 bilhões de dólares. Temos ostentado a inédita e invejável posição de credor internacional líquido, isto é, possuímos mais reservas do que devemos no exterior.

O Brasil perdeu dinamismo econômico, resultado da quase eliminação dos ganhos de produtividade, que são as fontes essenciais de geração de desenvolvimento, emprego, renda e riqueza. Somente profundas reformas nos devolverão a capacidade de crescer satisfatoriamente, mas estaríamos piores se ainda fôssemos suscetíveis a essas duas crises.

Publicado em VEJA de 21 de julho de 2021, edição nº 2747

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