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Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
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O incrível mundo do juro baixo

Projeções sobre o PIB em 2020 podem ser revistas para cima

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 10 jan 2020, 10h28 - Publicado em 10 jan 2020, 06h00

O Brasil vive inédito momento. A taxa básica de juro do Banco Central (BC), a Selic, atingiu 4,5% em dezembro, o índice mais baixo da história. Alguns preveem nível ainda menor para 2020: 4%. Em termos reais (descontada a inflação), a Selic tem valor sem precedentes desde o Plano Real: menos de 1%. Há quem diga que nada parecido aconteceu desde o Império.

Como já afirmei nesta VEJA (edição 2 662), essa auspiciosa realidade reflete avanços institucionais do último quarto de século, que nos livraram dos percalços que nos impediam de ser um país normal nesse campo. Teria sido melhor não fosse o populismo do governo Dilma Rousseff, que resultou em Selic de 14,25%.

Elevou-se a potência da política monetária, isto é, o poder de transmissão de seus efeitos ao sistema de preços por meio de distintos canais. Agora, é preciso uma Selic menor para acarretar os mesmos efeitos no controle da inflação. Caiu o gasto do Tesouro com juros: quase 70 bilhões de reais em 2019 e prováveis 120 bilhões de reais em 2020.

“Podemos crescer 2,5%, ou até mais do que isso”

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O juro baixo tem revelado um maravilhoso mundo novo. Os bancos cedem espaço no crédito ao mercado de capitais. Cada vez mais, as empresas se financiam pelo lançamento de seus títulos — debêntures e outros — nesse mercado. Já é possível financiar investimentos a custos e prazos melhores que os oferecidos pelo BNDES. Quem diria, há alguns anos, que isso poderia acontecer?

A nova realidade é visível também na expansão do mercado de imóveis, particularmente em São Paulo. Os bancos competem, via reduções seguidas de suas taxas de juros do crédito imobiliário, para angariar clientes. Calcula-se que a queda do juro possa duplicar o número de famílias capazes de obter crédito para realizar o sonho da casa própria.

Há riscos e oportunidades. Na ata da penúltima reunião do Copom, o Banco Central assinalou que “faltam comparativos na história brasileira para o atual grau de estímulo”. Como se sabe, estimativas de indicadores como o PIB e a inflação são feitas com base em dados históricos. Já que não existe período com Selic de 4,5% (ou menos), os exercícios podem subestimar o seu impacto. O efeito nos preços seria maior que o previsto, podendo acarretar inflação superior à apontada nos modelos matemáticos.

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Pelo mesmo motivo, o impulso na atividade econômica pode superar as projeções dos economistas. O crescimento do produto interno bruto (PIB), ora estimado em 2,3% na pesquisa Focus do BC, pode ser maior em 2020. Desde 2011, a estimativa foi ajustada para baixo. Desta vez, a mudança tende a ser invertida. Podemos crescer 2,5%, ou até mais do que isso.

Há ameaças a esse cenário otimista, é verdade. Do lado externo, elas podem vir da guerra comercial EUA versus China (ainda que momentaneamente reduzidas), de um possível conflito no Oriente Médio, e da Argentina. Esse vizinho é o principal mercado de exportação de nossos manufaturados. Internamente, o ambiente pioraria por uma crise política e seus efeitos na economia, decorrentes do atual e perigoso ambiente de confrontação e imprevisibilidade. Oremos.

Publicado em VEJA de 15 de janeiro de 2020, edição nº 2669

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