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Por Coluna
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
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Bolsonaro pratica demagogia com a Selic do Banco Central

O nível historicamente baixo da Selic, de 4,5%, reflete um conjunto de mudanças ocorridas no último quarto de século e não apenas a gestão do atual governo

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 3 jan 2020, 10h42 - Publicado em 3 jan 2020, 10h42

Na sua primeira transmissão ao vivo deste ano, ontem, o presidente Jair Bolsonaro comemorou, com razão, a mais baixa taxa Selic da história, de 4,5%. Aproveitou, então, para uma tirada populista. “No passado, se combatia inflação com taxa de juros, que chegou a bater mais de 60% no governo FHC (Fernando Henrique Cardoso) e a dívida interna cresceu”, assinalou.

Indiretamente, sugeriu que seu governo seria mais competente no combate à inflação do que o de FHC (e poderia dizer o mesmo dos que sucederam o tucano). De fato, temos inflação das mais baixas e juros igualmente baixos. Para o brasileiro menos informado, o dito do presidente faz todo o sentido.

Essa forma de falar ao grande público tem sido eficazmente utilizada por todos os populistas, de direita ou de esquerda. A técnica consiste em utilizar raciocínios simples para explicar fenômenos complexos. Lula usou e abusou disso ao recorrer à frase que se tornou clássica em seus pronunciamentos, isto é, o “nunca antes na história deste país”.

A estratégia realça qualidades supostamente únicas do líder, ao tempo que desqualifica seus antecessores e adversários políticos.

A realidade costuma ser diferente. No caso referido, a queda da taxa Selic é o resultado de avanços que se iniciaram há um quarto de século com o Plano Real (1994). O plano, como se sabe, debelou o processo hiperinflacionário e inaugurou o atual ciclo de inflação baixa e sob controle, salvo curtos ciclos de preços altos por força de choques de oferta ou de barbeiragem na condução da política econômica, caso do governo Dilma Rousseff.

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Sucederam-se, no governo FHC, a criação do Comitê de Política Monetária (Copom), que institucionalizou o processo de definição da taxa básica de juros do Banco Central – a Selic – e o regime de metas para a inflação. No governo Temer, o teto de gastos reduziu drasticamente as incertezas sobre a situação fiscal, enquanto a devolução de recursos transferidos pelo Tesouro ao BNDES diminui a segmentação do crédito, assegurando maior eficácia na transmissão dos efeitos da política monetária ao sistema de preços.

Bolsonaro deu também sua contribuição. No seu governo, a reforma da Previdência eliminou, por longo tempo, o risco de colapso fiscal, o qual traria de volta a inflação alta e sem controle. Adicionalmente, a taxa Selic de 4,5% reflete o ambiente de taxas de juros baixos que tem prevalecido em todo o mundo, particularmente nos países desenvolvidos.

Esse conjunto de mudanças contribuiu para o paulatino aumento da potência da política monetária. Assim, tornou-se possível, cada vez mais, cumprir metas para a inflação com uma taxa Selic gradativamente menor. É, pois, o resultado de esforços continuados de vários períodos e não somente do atual. O mais fácil, no entanto, é explicar que a Selic baixa é consequência da gestão do atual governo. Pura demagogia.

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