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Impasse sobre combustíveis fósseis empurra plenária final da COP30 para sábado

Atraso foi provocado pela reação ao rascunho apresentado pela presidência brasileira da conferência

Por Ernesto Neves 22 nov 2025, 06h24

A plenária final da COP30, prevista inicialmente para esta sexta-feira (21), foi adiada para as 10h deste sábado (22) após um impasse que atravessou a madrugada e expôs a divisão entre países sobre o futuro dos combustíveis fósseis.

O atraso foi provocado pela reação ao rascunho apresentado pela presidência brasileira da conferência. O documento, que deveria orientar a declaração final, suprime qualquer menção ao abandono progressivo de petróleo, gás e carvão, tema central para mais de 80 países. A retirada provocou forte desgaste político e tornou a negociação mais difícil.

Resistência de petrolíferos trava acordo

A exclusão do termo “phase-out” atendeu à pressão de países produtores, sobretudo membros do Opep+ e aliados. Arábia Saudita, Rússia e parte do bloco árabe rejeitam compromissos explícitos que limitem a expansão de combustíveis fósseis. A estratégia abriu uma crise. Delegações da União Europeia classificaram o texto como “insuficiente” e ameaçaram não respaldar a versão apresentada. Como as decisões da COP exigem consenso, a negativa bloquearia totalmente o acordo.

Cientistas reagiram na mesma direção. Pesquisadores ligados ao IPCC e a centros europeus afirmaram que o rascunho representa um retrocesso e descola o encontro da realidade climática atual. Grupos ambientalistas chamaram o texto de “traição” ao Acordo de Paris.

Disputa por financiamento agrava tensão

Além da transição energética, outto eixo divide países: o financiamento climático. A proposta brasileira prevê triplicar até 2030 os recursos destinados à adaptação, mas não detalha a origem do dinheiro. Nações africanas, algumas com reservas significativas de combustíveis fósseis, afirmam sofrer pressão para aceitar a eliminação dos fósseis sem garantias financeiras claras. Representantes desse grupo denunciaram “chantagem” nas conversas.

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Países desenvolvidos, por sua vez, cobram que o documento final traga metas mensuráveis de redução de emissões. Diplomatas europeus afirmam que não aceitam uma declaração “vazia” ou incapaz de orientar políticas climáticas nacionais.

Cientistas cobram metas mais duras

A comunidade acadêmica pressiona por mais ambição. Em reunião com o presidente Lula, pesquisadores apresentaram cálculos indicando que as emissões de CO₂ de combustíveis fósseis precisam cair pelo menos 5% ao ano a partir de 2026 para manter vivo o limite de 1,5°C. Sem um plano explícito de transição, afirmam, a COP30 corre o risco de encerrar sem relevância climática.

A presidência brasileira tenta negociar uma saída intermediária. André Corrêa do Lago, que coordena as tratativas, afirmou que “não haverá acordo possível se o tema dos fósseis continuar dividindo o plenário”.

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Lula pressiona por “mapa do caminho”

Embora o “roadmap” da transição energética não estivesse originalmente previsto na agenda da COP30, o tema ganhou peso após discursos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele defendeu repetidamente que o encontro deixe um sinal político claro sobre a saída dos combustíveis fósseis e cobrou engajamento de governos e setores da sociedade civil.

Com o adiamento, negociadores retomam neste sábado um esforço para evitar o fracasso da conferência. Se não houver consenso, Belém corre o risco de encerrar a COP30 sem uma decisão estruturante, resultado considerado politicamente constrangedor para o Brasil, anfitrião e defensor declarado de maior ambição climática.

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