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COP30 vira palco de disputa entre ricos e vulneráveis; Lula volta a Belém para destravar impasse

Divergências sobre financiamento e responsabilidades históricas travam avanços e testam a credibilidade do Acordo de Paris

Por Ernesto Neves Atualizado em 19 nov 2025, 15h20 - Publicado em 19 nov 2025, 14h45

A presença do presidente Lula na COP30 nesta quarta-feira, 19, renovou o ânimo das delegações africanas e abriu espaço para um possível destravamento das negociações de adaptação climática.

O grupo de 54 países do continente avalia que o Brasil pode assumir um papel mais flexível e articulador para viabilizar a apresentação de 100 metas de adaptação ainda nesta cúpula.

Ao mesmo tempo, o governo brasileiro tenta ampliar sua influência no debate sobre o novo fundo climático, enquanto enfrenta críticas de ambientalistas por não se posicionar claramente sobre a expansão dos combustíveis fósseis.

O assunto tem travado as discussões na capital paraense, à medida que a COP30 entra na reta final.

As negociações para reduzir o uso de combustíveis fósseis seguem travadas, abrindo espaço para que a adaptação, historicamente relegada a segundo plano, se torne o novo eixo crítico das discussões multilaterais.

A mudança de foco reflete um diagnóstico incômodo: o planeta caminha para um aquecimento bem acima do limite de 1,5°C estabelecido em Paris, com projeções que variam de 2,4°C, caso os planos nacionais sejam cumpridos, a quase 3°C, se as políticas atuais forem mantidas.

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Em um cenário mais hostil, adaptar sociedades a extremos climáticos deixou de ser opção e passou a ser urgência. Fundos privados e filantrópicos ampliaram aportes recentemente, mas o volume segue irrisório diante da demanda.

Países em desenvolvimento precisarão de até US$ 365 bilhões anuais até 2035 apenas para projetos de adaptação, segundo estimativas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

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O compromisso firmado quatro anos atrás, US$ 40 bilhões por ano até 2025, é hoje visto como insuficiente e obsoleto.

Mesmo assim, os avanços em Belém são tímidos. Negociadores tentam definir uma lista de cerca de 100 indicadores para medir progresso em adaptação, passo essencial para direcionar investimentos.

As conversas, porém, emperraram na segunda semana da conferência. Nações mais vulneráveis temem que metas técnicas sem financiamento adequado se convertam em mera formalidade burocrática.

A dificuldade decorre também de um contraste estrutural: reduzir emissões é, em muitos casos, mais barato do que proteger populações expostas a desastres.

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Tecnologias de baixo carbono já se tornaram competitivas, enquanto obras de adaptação, como sistemas de drenagem, geram pouco retorno financeiro direto, o que afasta investidores.

Esse desequilíbrio se agravou com cortes orçamentários recentes em cooperação internacional.

O resultado é um vácuo que tende a aumentar a desigualdade climática: os impactos mais severos recaem justamente sobre regiões que historicamente menos contribuíram para o problema, como a África.

Para especialistas, a insistência em dissociar adaptação de mitigação cria falsa sensação de segurança. A cada décimo de grau adicional, os riscos escalam.

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Estudos mostram que o limiar de 1,5°C não é apenas simbólico: acima dele, cresce o potencial de colapso de ecossistemas, perdas econômicas e deslocamentos humanos em massa. Sem cortes profundos nas emissões, qualquer estratégia adaptativa tende a se tornar insuficiente.

A COP30, portanto, revela um dilema central: preparar-se para um futuro mais perigoso exige recursos em escala inédita, ao mesmo tempo em que o mundo ainda falha em atacar a causa do problema.

Belém escancara que, sem cooperação e dinheiro novos, nem mesmo as soluções de curto prazo são capazes de conter a velocidade da crise climática.

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