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Atraso no net zero pode selar séculos de ondas de calor extremas, indica estudo

Mesmo com emissões zeradas, ondas de calor continuarão por mil anos, apontam pesquisadores

Por Ernesto Neves Atualizado em 18 nov 2025, 09h23 - Publicado em 18 nov 2025, 09h01

A divulgação de um novo estudo sobre a persistência extrema das ondas de calor deveria adicionar pressão às discussões climáticas da COP30, em Belém, onde países tentam contornar ou empurrar adiante decisões centrais para viabilizar a transição energética.

A pesquisa, conduzida por cientistas do ARC Centre of Excellence for 21st Century Weather e da CSIRO, desmonta a ideia recorrente no debate político de que alcançar o net zero abriria, por si só, uma janela de alívio climático para as próximas gerações.

Nas simulações, que avançam por mil anos, os pesquisadores constataram que mesmo após zerar as emissões líquidas, as ondas de calor não retornam aos níveis pré-industriais por pelo menos um milênio.

A constatação desafia diretamente a retórica de governos e empresas na COP30, que tratam o net zero como uma “linha de chegada” capaz de estabilizar o clima em poucas décadas.

Os modelos mostram que cada cinco anos de atraso entre 2030 e 2060 intensificam a frequência, extensão e violência das ondas de calor.

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Para países tropicais, incluindo o Brasil, que ocupa papel central na cúpula, um adiamento para 2050 significaria quebras de recordes de calor praticamente anuais, cenário que afeta desde mortalidade urbana até produtividade agrícola e sistemas de energia.

A coordenadora do estudo, Sarah Perkins-Kirkpatrick, da Australian National University, resume o impasse. “Estamos condenados a impactos severos mesmo com o net zero, mas ficamos simplesmente arrasados se o adiarmos”.

A frase ecoa discussões cada vez mais tensas na COP30, onde a pressão para incluir a eliminação dos combustíveis fósseis nos textos finais colide com interesses de grandes produtores de petróleo e gás.

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O estudo também expõe uma contradição estrutural do discurso de moderação defendido por países que argumentam custos econômicos da transição.

A pesquisa, publicada na Environmental Research Climate, reforça uma mensagem que percorre os bastidores da COP30: a transição não é apenas sobre cortar emissões, mas sobre evitar danos irreversíveis que já se acumulam no horizonte.

Delegações africanas e latino-americanas vêm insistindo que eventos extremos, ondas de calor, secas, tempestades já ultrapassam a capacidade de adaptação de populações vulneráveis.

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O estudo australiano dá lastro científico a esse argumento, ao mostrar que não haverá retorno rápido ao passado climático, mesmo com ação imediata.

Especialistas ouvidos em Belém dizem que a pesquisa reforça a necessidade de tratar adaptação e financiamento climático como agendas tão urgentes quanto a mitigação. Há, porém, incertezas ligadas à resolução espacial do modelo usado, tema que também aparece nas discussões técnicas da COP30, onde países pedem que o IPCC refine projeções regionais para orientar políticas de adaptação.

Enquanto isso, negociadores em Belém tentam construir um texto final capaz de conciliar a ambição climática com pressões econômicas internas.

O estudo australiano, contudo, desloca o debate: não se trata mais de escolher entre acelerar ou não a transição, mas de definir quanto sofrimento adicional será aceito por cada ano de atraso.

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