Um estudo publicado nesta terça-feira sugere que os países ricos estão “importando” grande parte de suas emissões de CO2. Isso porque a metodologia de contagem usada pelos autores da nova pesquisa defende que a emissão de gás deve ser alocada no país onde o produto ou serviço final é consumido, e não necessariamente onde ele é produzido.
Para a pesquisa, cientistas do Instituto Carnegie de Washington usaram dados do comércio mundial para identificar onde os produtos são fabricados e onde eles são consumidos. Dessa maneira, eles descobriram, por exemplo, que quase um quarto das emissões da China é resultado da fabricação de produtos que serão mais tarde exportados para o ocidente.
Recentemente, a China ultrapassou os Estados Unidos e se tornou o país que mais emite CO2 na atmosfera. No entanto, 22,5% das emissões chinesas são resultado da produção de bens e serviços consumidos fora do país. Desse total, 7,8% são exportados somente para os Estados Unidos. O que os pesquisadores e ambientalistas defendem é que essas emissões deveriam ser alocadas na conta dos americanos, e não na dos chineses.
O que os pesquisadores descobriram também ao realizar esses cálculos é que, apesar dos Estados Unidos serem um grande importador de emissões, eles não ultrapassam o montante importado pela União Europeia. Hoje, a União Europeia produz o equivalente a cerca de 10 toneladas de CO2 por cada cidadão. O que o estudo mostra, porém, é que algumas nações do bloco importam bens e serviços que representariam mais quatro toneladas de CO2 por pessoa – quase 50% a mais.
De acordo com a convenção do clima da Nações Unidas, as emissões de gases do efeito estufa são alocadas nos países onde elas são emitidas. Cada vez mais, porém, acadêmicos e ambientalistas argumentam que essa divisão não é justa porque significa que qualquer país pode comprar bens – da China, por exemplo – e se beneficiar desses produtos sem se responsabilizar pelas emissões.
Steve Davis, coordenador da pesquisa, salienta que o estudo ainda contém falhas, já que as informações de algumas regiões do mundo, como o Oriente Médio, são escassas. Para o estudo, foram usadas as informações mais recentes disponíveis, que datam de 2004.