Oposição apresenta 1,85 milhão de assinaturas para referendo contra Maduro
Com a entrega, os opositores ao governo cumprem a primeira etapa para a realização de uma consulta popular sobre a revogação do mandato do presidente venezuelano
A oposição venezuelana apresentou nesta segunda-feira 1,85 milhão de assinaturas favoráveis a um referendo revogatório do mandato do presidente Nicolás Maduro, que enfrenta um crescente descontentamento popular com o agravamento da crise econômica.
A coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), que tem maioria no Parlamento, anunciou ter entregue ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) oitenta caixas com planilhas que contêm as 1,85 milhão de assinaturas, quase dez vezes mais que as 195.721 (1% do colégio eleitoral) exigidas pelo CNE para, então, solicitar o início do processo. “Este é só o início do caminho que culminará com a realização do referendo revogatório e a eleição de um governo de unidade”, escreveu no Twitter o secretário-executivo da MUD, Jesús Torrealba.
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O CNE deverá conferir em um prazo de cinco dias o número de assinaturas e depois convocar os signatários a ratificar seu apoio em outros cinco dias contínuos. Apenas depois da validação, o Conselho autoriza a coleta de quatro milhões de assinaturas (20% do colégio) para convocar o referendo. “Também vamos fazer em tempo recorde, porque o país quer sair deste governo”, afirmou Torrealba.
Contudo, um novo conflito pode atrasar esse processo. Tania D’amelio, diretora do CNE, afirmou no Twitter que para começar a verificação das assinaturas “é necessário cumprir o período de 30 dias fixado para a coleta de 1%” do colégio eleitoral, ou seja, a ratificação do órgão só começaria a partir de 26 de maio. A oposição, que quer a convocação do referendo no fim do ano, afirma que a verificação deve começar assim que as assinaturas forem apresentadas. A divergência deve ser esclarecida em breve.
Discurso – O presidente Nicolás Maduro anunciou no domingo ter criado uma comissão para rever as assinaturas. “O referendo é uma opção, não uma obrigação. Aqui, a única coisa que é obrigação são as eleições presidenciais e serão em 2018 – dezembro de 2018. É a única obrigação que temos”, disse Maduro a milhares de simpatizantes por ocasião do Dia do Trabalhador.
No mesmo discurso, o presidente ainda convocou seus partidários a declararem “rebelião pacífica” caso deixe o poder. Para revogar Maduro, o “Sim” deve obter mais dos que os 7,5 milhões de votos que ele recebeu após a morte de Chávez em 2013 para completar o período de seis anos. A oposição afirma ter certeza de que alcançará o número necessário.
(Com AFP)