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Tombini, um presidente do BC para a continuidade

O atual Diretor de Normas do BC alia seriedade e experiência em política monetária. Contudo, é menos severo quando o assunto é a taxa Selic

Por Benedito Sverberi
24 nov 2010, 14h20

Alexandre Tombini, o escolhido de Dilma Rousseff para ocupar a presidência do Banco Central, reúne características que o tornam admirado tanto pelo mercado financeiro quanto pela ala desenvolvimentista do governo Lula.

No cargo de Diretor de Normas e Organização do Sistema Financeiro do BC há pouco mais de quatro anos, Tombini é funcionário de carreira. Incorporado aos quadros da instituição em 1998, o economista gaúcho de 46 anos só se ausentou de lá entre 2001 e 2005. Neste período, morou em Washington e trabalhou para o escritório da representação brasileira do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Ainda no BC, desempenhou outras funções importantes, como a gestão da Diretoria de Assuntos Internacionais e de Estudos Especiais; e a organização e implementação do Departamento de Pesquisas (setor responsável pelo desenvolvimento do sistema de metas de inflação).

Com tanta afinidade e experiência no órgão, Tombini agrada muito o mercado financeiro. Sua formação é elogiada pelos colegas – possui um título de Ph.D em Economia pela Universidade de Illinois, nos Estados Unidos. Seu nome é praticamente sinônimo de continuidade da política bem-sucedida tocada por oito anos por Henrique Meirelles. Logo, sua posse implicará, na avaliação dos analistas, uma transição tranqüila e sem ruídos.

O perfil do economista também se encaixava em alguns pré-requisitos da presidente eleita. Em primeiro lugar, Dilma Rousseff preferia alguém ‘de dentro’. Promover um diretor do próprio BC – reafirmando a importância da instituição – seria essencial, na avaliação dela, num momento de sensibilidade do mercado e de instabilidade da economia internacional. Sua escolha também transmitiria aos investidores que não haverá ‘ruptura’ – uma preocupação da presidente eleita desde a campanha presidencial. Neste sentido, o nome de Alexandre Tombini passou naturalmente à frente de outros candidatos ao gosto do mercado, como Fabio Barbosa, presidente da Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) e do Grupo Santander, e Luiz Carlos Trabucco, presidente do Bradesco.

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Um segundo ponto caro à ex-ministra era seu desejo de encontrar alguém para compor uma equipe econômica afinada. Dilma almejava botar uma ‘pedra’ no passado de brigas palacianas – do chamada ‘fogo amigo’ entre o presidente do Banco Central e o ministro da Fazenda. Eis que Tombini tem bom relacionamento com Guido Mantega, que será reafirmado no cargo, e, principalmente, com Luciano Coutinho, presidente do BNDES.

Flexibilidade – O fato de ser um técnico competente – que permite ao mercado ter confiança de que não cometerá aberrações na condução da política monetária – não significa, contudo, que Tombini não possa ser um pouco mais flexível em alguns pontos. Ele é visto, por exemplo, como um economista menos severo quando o assunto é o juro básico. Em discussões com colegas do mercado financeiro, o diretor de Normas do BC argumentou, em algumas ocasiões, que a taxa Selic já poderia ser menor e que seria importante testar instrumentos que permitissem essa conquista. Neste sentido, mostra-se mais aberto ao uso de recolhimentos compulsórios e outros instrumentos de política monetária, que não necessariamente os juros, para controlar a inflação.

Tal discurso é ‘música para os ouvidos’ da ala desenvolvimentista do governo, principalmente Mantega e a própria presidente Dilma. Contudo, resta saber se sua postura mais flexível em relação às decisões sobre juros não colocará em risco o controle da inflação e manutenção da estabilidade da economia. Só o tempo dirá.

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