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Tito Martins, o nome mais forte para substituir Agnelli

Mais cotado para assumir o posto do atual presidente da Vale, Martins é conhecido pelo pragmatismo e popularidade na empresa

Por Ana Clara Costa
31 mar 2011, 23h00

Roger Agnelli, presidente da segunda maior mineradora do mundo, virou assunto de bar. Nas últimas semanas, qualquer pessoa minimamente informada se arriscaria a palpitar sobre o destino profissional do executivo mais comentado do país. Com sua saída já confirmada da presidência da Vale, Agnelli continua no topo das fofocas, mas abre espaço a outro proeminente nome que ganhou notoriedade nos últimos dias: o de Tito Botelho Martins Junior.

O nome de Tito – executivo de carreira da Vale, que começou na empresa como trainee em 1985 – guardava-se imaculado no seio da empresa. Presidente da Vale Inco, subsidiária canadense da mineradora, ele sempre foi conhecido pela discrição e pelo foco. Entre ex-funcionários, conhecidos e colegas, uma característica precisa em Tito se sobressai: a objetividade. “Ele tem um foco impressionante. Não gosta de perder tempo e tem um raciocínio incrivelmente rápido”, afirma um executivo ligado à companhia.

Segundo um executivo que trabalhou com Tito desde a época de trainee até alguns anos atrás, o pragmatismo e a facilidade que ele tem em tomar decisões são as características que o fizeram ganhar destaque na empresa. “Ele é o tipo de pessoa que resolve tudo muito rapidamente. Tudo flui sob o comando dele”, afirma. Tais atributos, essenciais para um executivo de multinacional, fizeram com que Tito despertasse a atenção dos altos cargos, sobretudo de Wilson Brumer, que foi o diretor financeiro a quem Tito se reportava no final da década de 1980 e presidente da Vale entre 1990 e 1992. Sob a tutela de Brumer, Tito desempenhou inúmeras funções financeiras na empresa. O executivo, que hoje preside a Usiminas, é ainda um de seus mentores e melhores amigos.

Em 1999, dois anos após a privatização da Vale, ele assumiu seu primeiro cargo executivo, como diretor do departamento de Finanças Corporativas. De lá pra cá, a subida foi fulminante. Presidiu as então recém-adquiridas mineradoras Caemi (em 2003) e MBR (em 2006) – sendo esta a segunda maior produtora de minério de ferro do país, atrás apenas da Vale.

Sua ida para a presidência de ambas as empresas ocorreu logo após a chegada de Roger Agnelli à Vale, em 2001. O recém-nomeado presidente logo percebeu o dinamismo de Tito e o designou para integrar ao modus operandi da Vale as empresas compradas. “O Roger delegou muitas coisas ao Tito devido a essa característica de presteza que ele possui”, afirmou ao site de VEJA um ex-presidente da mineradora.

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Passado mineiro – Nascido em Belo Horizonte, em 1964, filho de pai médico de quem herdou o nome, Tito não veio de família tradicional mineira enriquecida à base de grãos de café ou minério. Graduou-se em Economia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e, com a ajuda da Vale, fez inúmeras especializações no exterior, como o MBA em gestão no renomado INSEAD, na França. Devido à administração da Inco, vive no Canadá há cerca de dois anos.

Executivo político – Diferente de seu chefe, Tito é considerado um personagem agradável na empresa. Apesar de objetivo e pragmático, seu trato com funcionários é considerado exemplar. “Ele sabe ouvir, apesar de se posicionar sempre de maneira forte. Quando ele entra na sala, trás consigo uma energia característica de quem é líder”, afirma um executivo ligado à Vale.

Sobre ‘picuinhas’ com Agnelli, não se tem notícia. Apesar de não serem amigos, tampouco entraram em conflito ao longo da gestão, afirma esse executivo que tem contato com ambos. Apesar de ser menos truculento que Agnelli, Tito está longe de ser bonzinho. Aderiu rapidamente ao modelo agressivo de gestão da presidência (que fez o lucro da Vale passar de 3 bilhões para 31 bilhões de reais em dez anos) e demonstrou isso claramente na maneira com a qual lidou com a crise envolvendo greve de funcionários e invasões indígenas no Canadá. Como qualquer servidor fiel, defendeu os interesses da empresa acima de todas as coisas, ganhou a antipatia das bases e sindicalistas, e foi condenado pela tribo indígena que vive no entorno da mineradora Inco.

Caso não seja o nome indicado pela empresa de recrutamento que a Vale contratará para selecionar sua lista magna de candidatos, Tito renascerá no seio da companhia muito mais forte do que já é. Devido ao tempo em que seu nome circulou, não há dúvidas de que ele tenha o respaldo de grandes acionistas. Mas, se confirmado como novo presidente, Tito Botelho Martins Junior será uma escolha mais do que razoável para tocar o dia a dia da empresa com o mesmo pulso de ferro de Roger Agnelli, apesar de parecer mais brando. O que ainda é uma incógnita é se Tito será político o suficiente para escapar das investidas do governo em exercer ingerência sobre a Vale, sem ser fuzilado como Agnelli – e se tornar, assim como seu chefe ‘enfant terrible’, outra futura conversa de bar.

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