Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Para Saab, batalha dos caças não está perdida

Rumores apontam que o governo teria voltado a negociar a compra das aeronaves francesas Rafale; empresa sueca, no entanto, mantém o otimismo

Por Ana Clara Costa
17 fev 2012, 18h08

Desde que a francesa Dassault fechou contrato para venda de 126 caças Rafale à Índia, a discussão sobre a licitação brasileira foi reacendida. Tudo porque o ministro da Defesa, Celso Amorim, dirigiu-se a Nova Délhi logo após a decisão e pôde pedir esclarecimentos diretos a seu homólogo indiano sobre a escolha. De lá para cá, fontes dos governos francês e brasileiro, ouvidos pelas agências de notícias, têm apontado que os Rafale serão a opção também do Palácio do Planalto. Na mesa de negociação, as outras fabricantes – que aguardam com certa ansiedade o desfecho da novela militar que já dura mais de quatro anos – recusam-se a desistir. Uma delas é a sueca Saab, que fabrica o caça Gripen. Ao site de VEJA, Bengt Janer, diretor da Saab-Brasil, garante que a companhia continua no páreo. Ainda que reconheça que a Suécia não dispõe do mesmo peso político dos Estados Unidos (sede da Boeing) e da França, o executivo demonstra confiança em que a sua é a melhor proposta.

Há cerca de dois anos, a Saab foi a companhia que obteve a melhor avaliação da Força Aérea Brasileira (FAB) no processo de licitação dos caças. Contudo, a opinião do órgão, por incrível que pareça, não é determinante na escolha. Tanto que a venda quase foi fechada em 2009 para a Dassault porque o ex-presidente Lula passava por uma espécie de “lua de mel” diplomática com o líder francês, Nicolas Sarkozy. Depois que as conversas entre ambos azedaram, a Boeing – outra empresa que participa da licitação com seus F-18 Super Hornet – intensificou seu lobby. Já no governo Dilma, a movimentação ganhou o apoio de um garoto-propaganda e tanto: o próprio presidente Barack Obama, durante visita oficial ao país, no início de 2011.

Desde então, o processo de licitação foi atropelado por cortes orçamentários, faxina nos Ministérios e problemas de ordem macroeconômica. A presidente Dilma decidiu, então, a deixar o assunto para depois. Mas essa fase pode estar no fim. De acordo com Janer, a expectativa da Saab é que algum tipo de definição saia já neste primeiro semestre. “Até onde sabemos, a decisão está na mesa da presidente”, afirmou o executivo em entrevista ao site de VEJA. “Fizemos tudo o que o governo pediu para essa licitação – e justamente por isso estou confiante de que estamos bem no projeto.”

A visita do ministro Celso Amorim à Índia para conversar sobre o Rafale não alterou o andamento do processo de licitação, colocando novamente a Dassault em vantagem?

A visita, na nossa avaliação, foi uma coincidência. Viagens de ministros são planejadas com antecedência. Eles têm uma agenda a cumprir e não decidem uma coisa como essa do dia para a noite só porque um contrato de compra foi fechado na Índia. Além do mais, essa é uma decisão da presidente Dilma.

Continua após a publicidade

Em que estágio estão as negociações para a compra dos caças?

Até onde sabemos, a decisão está na mesa da presidente. Não há novidades sobre isso desde o início do ano passado, quando o governo afirmou que a licitação estava paralisada. Contudo, temos a expectativa de que haja uma decisão ainda no primeiro semestre.

Quais parcerias a Saab tem desenvolvido no Brasil no setor de Defesa?

Criamos no ano passado, em parceria com o governo sueco, o Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CIBS), em São Bernardo do Campo (SP). A função desse centro é desenvolver projetos em parceria com universidades, empresas privadas e órgãos públicos – de modo a trazer ao país ideias inovadoras que surjam na Suécia e que possam melhorar o cotidiano da população. São projetos para as áreas de energia limpa, segurança pública e sustentabilidade. O curioso é que muitos deles vêm da indústria da Defesa e depois são aplicados ao dia a dia das pessoas. Além disso, oferecemos cem bolsas de estudos para brasileiros irem estudar na Suécia. Em resumo, estamos claramente administrando o centro como forma de buscar uma parceria de longo prazo com o Brasil, o que independe, inclusive, do resultado da licitação dos caças.

Continua após a publicidade

O contrato da Saab com a Suíça, fechado também recentemente, pode ter algum efeito na escolha brasileira?

Espero que tenha um efeito positivo, pois o que propusemos é que a transferência de tecnologia permita até mesmo que a produção brasileira seja utilizada pela Suíça. Nossa proposta é de parceria total, em que 40% do desenvolvimento da aeronave e 80% da estrutura do caça sejam feitos no Brasil. Nossa ideia é estabelecer uma parceria entre a Saab e a indústria nacional brasileira para vender aeronaves para outros países. E a nossa política de transferência de tecnologia é a mais adequada ao que o Palácio do Planalto quer.

Mas há o fator político.

Sim, a Suécia talvez não tenha o peso político dos Estados Unidos ou do outro país (a França). Contudo, a tecnologia que temos e estamos dispostos a compartilhar é adequada às necessidades do Brasil. Nós ouvimos muitas vezes que a presidente Dilma quer que a parte de inovação seja desenvolvida no país e que as parcerias são essenciais. Foi isso que propusemos. Fizemos tudo o que o governo pediu para essa licitação – e justamente por isso estou confiante de que estamos bem no projeto.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.