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Novo pacote só adia o calote da Grécia

Para economistas, a reestruturação da divida é iminente, mesmo se plano de austeridade for cumprido

Por Ana Clara Costa
30 jun 2011, 08h19

Aprovado pelo Parlamento na manhã desta quarta-feira, o novo plano de austeridade da Grécia injetou certo ânimo nos mercados internacionais. As bolsas europeias reagiram positivamente, tranquilizadas pela solução de curto prazo encontrada pela União Europeia para sanar a sangria nos cofres públicos do país. No entanto, o mercado sabe, e a Grécia também, que a medida é apenas paliativa. O temido calote – que, no jargão econômico, recebe também o eufemismo de ‘reestruturação da dívida’ – poderá chegar no médio prazo, avaliam economistas ouvidos pelo site de VEJA.

Isso ocorre porque o aperto promovido pelo novo plano de austeridade – que fará o setor público economizar euros para cumprir a meta fiscal – será insuficiente para que o país consiga arcar com os compromissos de sua dívida. “O pacote posterga o problema. É o jeito encontrado pela Europa para que os bancos privados consigam ganhar tempo para acertar sua exposição aos títulos”, afirma o economista Cristiano Souza, do Santander. A aprovação do novo empréstimo de 12 bilhões de euros, na avaliação de Souza, resume-se a “empurrar o problema com a barriga”. Além disso, a medida dará mais tempo para as autoridades europeias negociarem um novo plano para reduzir a dívida de longo prazo da Grécia e assim, ao menos, reduzir os problemas para o bloco.

As baixas expectativas em relação à recuperação grega se dão porque a economia local possui poucas alternativas de geração de recursos para honrar o pagamento de sua dívida. Com os cortes nos gastos do estado, inclusive sociais, demissões no setor público, etc, a arrecadação certamente diminuirá, apesar de o pacote de austeridade também contemplar a elevação dos impostos. Assim, se por um lado as despesas são contidas, a receita também sofre contração, e o déficit fiscal permanece. O problema é que o conjunto de medidas em si é ‘contracionista’, isto é, contribui para que a economia encolha ainda mais, com redução de consumo e da riqueza da população – e, consequentemente, do volume arrecadado pelos impostos. Em 2010, o Produto Interno Bruto (PIB) da Grécia recuou 4,5%. No primeiro trimestre deste ano, a retração foi de 5,5%. Já a dívida pública chega a 150% do PIB do país. “Diante deste cenário, é bastante plausível que, dentro de três meses, haja uma nova crise”, afirmou a Economist Intelligence Unit (EIU), em relatório divulgado ao mercado, logo após a votação do plano.

A falta de competitividade também ajuda a colocar o país em uma encruzilhada. Os principais motores da economia são o turismo, a produção agrícola (com destaque para o cultivo de oliveiras) e a construção naval – setores que não garantem geração suficiente de recursos para liderar uma recuperação. Como a Grécia não é uma grande exportadora de commodities, tampouco pode se beneficiar da alta dos preços dos alimentos – fator que ajudou a Argentina, à beira do colapso, conseguir evitar a quebra total. O cenário consiste, segundo analistas, em preparar o mercado (e os bancos) para a chegada da reestruturação.

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