O nome de Aldemir Bendine pode não ter agradado o mercado, mas a escolha de Ivan Monteiro para ser seu braço forte nas finanças pode pesar a favor. Monteiro é funcionário de carreira no Banco do Brasil, onde ocupou até esta sexta-feira o cargo de Diretor Financeiro e de Relações com Investidores, mesmo cargo que assume na Petrobras. Os mercados – bancário e petróleo – são bem diferentes, é verdade, mas analistas acreditam que não será um problema para Monteiro. Entre seus feitos está a reestruturação societária em 2009, quando comandou operações bem-sucedidas e que trouxeram capital para a instituição sem a necessidade de diluição dos acionistas (governo e minoritários). O diretor Financeiro também foi peça-chave no resgate do Banco Votorantim, mas precisou cortar 40% dos funcionários do grupo. O Nossa Caixa, comprado pelo BB, também passou por ajustes fortes.
Apesar da forte ingerência do governo, sobretudo quando a presidente Dilma decidiu interferir pessoalmente na redução dos juros, a instituição perseguiu nos últimos anos ganhos de eficiência e produtividade. Monteiro conseguiu coordenar com certo equilíbrio o plano do governo com os parâmetros saudáveis de mercado, sem desapontar investidores. “Ele é visto como um pró-mercado, claro, dentro das limitações de uma instituição pública, que não tem uma estrutura tão flexível de gestão de pessoas”, conta Fadul, que acompanha por anos o trabalho de Monteiro como analista de investimentos. “Ele se mostrou um executivo moderno, de controle de custos e foco nas atividades centrais do banco”, afirma o analista de um banco de investimentos. Credenciais técnicas e bom trânsito são características, digamos, essenciais do executivo que assinará embaixo do balanço da Petrobras – aquele que deve ser divulgado em março e que mostrará o rombo advindo da corrupção. (Naiara Infante Bertão, de São Paulo)