A cubanização da Venezuela já destruiu a produção de bens e alimentos do país governado pelo coronel Hugo Chávez – e coloca cada vez mais em risco a outrora satisfatória parceria comercial entre venezuelanos e brasileiros. Os sucessivos calotes do ditador Chávez sobre empresas brasileiras têm servido para afugentar as companhias nacionais do solo venezuelano.
A Braskem, que havia fechado duas joint ventures com a estatal venezuelana Pequiven para projetos no valor de 3,5 bilhões de dólares, decidiu seguir por outro caminho. A mudança de planos ocorreu porque o governo venezuelano não cumpriu sua parte nos investimentos, explicou uma fonte próxima ao projeto. Para se ter uma ideia, dos 30 funcionários que a empresa mantinha em Caracas, restarão apenas cinco – os demais serão enviados de volta ao Brasil ou seguirão para outras filiais da Braskem. O acordo, assinado em 2007, previa a criação de duas companhias: a Propilsur e a Polimérica. A primeira foi adiada por um ano e a segunda, de capital misto, teve o investimento reduzido pela metade.
Uma reforma na Lei de Contratações, aprovada na última quarta-feira pela Assembleia Nacional venezuelana, torna ainda mais delicada a situação de empreiteiras brasileiras no país de Chávez. O novo texto permite ao coronel confiscar máquinas ou se apoderar de obras públicas que estejam paralisadas ou atrasadas – um problema, já que muitas empresas brasileiras estão tocando seus projetos aos poucos ou deixando-os paralisados.
“Se for aprovada, a lei pode ser um enorme problema para as construtoras brasileiras”, afirma Fernando Portela, diretor executivo da Cavenbra, Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Venezuela. O projeto ainda passará por uma votação em segundo turno, mas a maioria chavista na Assembleia deve garantir sua aprovação definitiva.
As empresas brasileiras que importam seus insumos da Venezuela têm sofrido com o controle cambial imposto por Chávez. O câmbio oficial do país dá prioridade aos chamados produtos essenciais, o que prejudica os importadores de produtos como cosméticos, perfumes e têxteis, já que o ditador fechou as casas de câmbio e proibiu as empresas de recorrer ao chamado câmbio permuta. A decisão de Chávez já afeta empresas como O Boticário, Alpargatas e Hering.
A Venezuela continua sendo um bom parceiro comercial apenas no âmbito das exportações brasileiras ao país – que cresceram 7% no primeiro semestre deste ano na comparação ao mesmo período de 2009. isso ocorre porque sobretudo por causa do comércio de alimentos, que não é afetado pelo câmbio.
(Com Agência Estado)