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América Latina vive milagre econômico

A combinação de forte exportação de commodities e melhoria da condução fiscal pavimentam um momento de forte crescimento do PIB latino-americano

Por por New York Times
3 jul 2010, 11h00

O crescimento latino-americano reflete principalmente o aprofundamento de suas relações com a Ásia, que também registra elevadas taxas de expansão do PIB

Enquanto os Estados Unidos e a Europa preocupam-se com enormes déficits públicos e ameaças à sua frágil recuperação, a América Latina tem sido uma grata surpresa. A região – antes acuada por um passado de moratórias, desvalorizações monetárias e necessidade de resgate por parte dos países ricos – tem experimentado robusto desenvolvimento econômico, para a inveja de seus colegas do norte. A forte demanda asiática por commodities (minério de ferro, estanho, ouro, etc) e políticas bem-sucedidas de controle do déficit público e da inflação têm atraído investimentos e alimentado grande parte desta expansão. Para se ter idéia, o Banco Mundial prevê que a economia latino-americana crescerá 4,5% neste ano.

O recente auge da atividade econômica na América Latina tem superado as expectativas até mesmo de muitos dos governos destes países. O Brasil, potência emergente da região, lidera a recuperação do pós-crise de 2009. O PIB deu um salto de 9% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior e, na última quarta-feira, o Banco Central do Brasil divulgou sua nova projeção para o fechamento de 2010, que aponta para um acréscimo de 7,3% – a maior taxa em 24 anos.

Já a economia mexicana, após uma breve contração no ano passado, mostrou crescimento de 4,3% nos primeiros três meses do ano e pode chegar a 5% neste ano, segundo informações do governo local. Esta taxa possivelmente será suficiente para deixar para trás o vizinho Estados Unidos.

Os países menores também estão crescendo rapidamente. No Peru, onde seguem frescas as recordações de uma economia em frangalhos decorrente da hiperinflação de uma guerra brutal contra rebeldes maoístas que deixou quase 70 000 mortes, o Produto Interno Bruto aumentou 9,3% em abril na comparação com o mesmo mês do ano passado.

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“Estou provavelmente vivendo hoje as melhores condições econômicas que vi no Peru ao longo de toda a minha vida”, disse Mario Zamora, um homem de 70 anos que é dono de seis farmácias em Los Olivos, um barulhento bairro de classe trabalhadora no norte de Lima.

Los Olivos permite vislumbrar o crescimento que está tirando da pobreza algumas regiões da América Latina, ainda que persistam exceções. Na Venezuela, a escassez de eletricidade e o temor de expropriações fizeram com que o PIB diminuísse 5,8% no primeiro trimestre. Mas a economia venezuelana e, em menor grau, a do Equador – outro país dependente da renda do petróleo cujo crescimento é menor que o de seu vizinho – parecem não representar a realidade da região.

Até mesmo nações pequenas e ideologicamente alinhadas à Venezuela têm adotado políticas pragmáticas com bons resultados. Enquanto na Europa predominavam os temores de contágio da crise de dívida da Grécia, a agência Standard & Poor’s elevou a classificação de risco da Bolívia em maio, mencionando suas sólidas finanças públicas.

Aproximação com a Ásia – O crescimento latino-americano reflete principalmente o aprofundamento de suas relações com a Ásia, onde a China e outros países também registram elevadas taxas de expansão do PIB. No ano passado, a economia chinesa tirou dos Estados Unidos o posto de principal sócio comercial do Brasil. Hoje, o país é o segundo maior sócio da Venezuela e da Colômbia, além de ser o principal aliado de Washington na região.

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Alguns especialistas em história econômica da América Latina – que é conhecida por seus altos e baixos – alertam que esta forte recuperação poderia durar pouco, haja vista as políticas voláteis de alguns países, a excessiva dependência de exportações de produtos primários e os riscos de incrementar significativamente o comércio com a China.

Michael Pettis, especialista da Universidade de Pequim em relações financeiras da China com os países em desenvolvimento, afirma que a região está especialmente exposta às políticas chinesas que têm impulsionado a demanda mundial por produtos primários.

Outros economistas, entre os quais Nicolás Eyzaguirre, diretor da divisão para o Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), sugerem que as baixas taxas de juros internacionais – outro fator que tem sustentado o desenvolvimento latino-americano – não durarão muito tempo. Ainda assim, aplaudem as políticas domésticas que estão permitindo o crescimento regional.

Dentro do FMI, a recuperação da América Latina está se traduzindo em um novo equilíbrio político, particularmente no caso do Brasil, que pagou sua dívida e tem buscado melhorar o peso de seu voto.

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