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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Digo desde 2014: inexiste cartel. Tese era e é útil às esquerdas

O certo seria a gente sair dessa lama com editais de privatização da Petrobras e das demais estatais. Em vez disso, vejo o estado se agigantar

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 15 abr 2017, 19h30 - Publicado em 15 abr 2017, 19h16

Como devem saber os leitores do blog, contestei desde os primeiros dias a tese do “cartel de empreiteiras”. Apanhei muito por isso. Inclusive de alguns vigaristas de ilibada reputação… Pois é. A tese do cartel desapareceu, foi sepultada. Sim, eu estava certo.

Aliás, seu primeiro espasmo foi dado por aquele organograma em PowerPoint de Deltan Dallagnol. “Ora, Reinaldo, não poderia haver, ao mesmo tempo, a tal organização chefiada por Lula e o cartel? Resposta: não! Ocorre que setores importantes da imprensa não andam na fase das perguntas incômodas. Se o MP diz “cartel”, então se replica: “cartel”. Se muda de ideia e afirma “Lula chefe da organização”, repete-se “Lula chefe da organização”…

O golpe final na tese do cartel veio com as delações da Odebrecht. Na verdade, havia uma concorrência feroz entre as empreiteiras pelo direito de assaltar o estado e comprar facilidades.

Quando falaram em cartel pela primeira vez, fui pegar a definição do que era, como faço de hábito. Sempre vou ao livro-texto do conceito antes de opinar. E, como se sabe, o cartel ocorre quando múltiplos fornecedores se unem em um só para lesar milhões de compradores. Cartel dos postos de gasolina, lembram-se?

No caso em tela, os “compradores” não eram milhões, mas um só: o estado, fosse por meio da administração direta, fosse por meio das empresas públicas. E as empreiteiras travavam uma disputa feroz pelo direito de comprar mais vagabundos de crachá.

Aí eu dizia: ISSO NÃO É CARTEL! E lá vinha pancadaria.

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Nota: uma amiga, jornalista de primeira, objeta: pode ser cartel na medida em que há uma óbvia fraude à livre concorrência. Entendo o ponto de vista, mas rebato: há muitas maneiras de agredir a competição e que, obviamente, não são cartel.

Por que isso é importante?
Vou dizer. E a coisa é bem mais séria do que parece. Afinal, negar o cartel corresponde a arguir a responsabilidade do estado em toda essa sem-vergonhice, o que não se vê.

Acontece que aqueles eram tempos em que interessava ao MP demonizar os empreiteiros e transformar a Petrobras em uma pobre vítima da ação de uma gangue, que agiria em conjunto. Tornados reféns da tese, os empresários se viram entre a delação e alguns bons anos de regime fechado. Escolheram a delação.

O milagre
E aí se operou o milagre. Não se fala mais em cartel. Até porque não pega bem, né?, já que todos estarão soltos daqui a pouco e a fazer negócios com o estado. O canhão se volta contra os políticos.

Sim, eu tinha razão. Nunca houve cartel. Ou a história da Odebrecht não faria sentido.

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Que diferença isso faz?
Um dos polos do crime, o estado brasileiro, fica impune e ainda mais poderoso.

O certo seria a gente sair dessa lama com editais de privatização da Petrobras e das demais estatais. Em vez disso, vejo o estado se agigantar, esse moedor de indivíduos.

Os empreiteiros, antes cartelizados, segundo o MP, agora são bibelôs dos procuradores e dizimam a classe política, dizem quem presta e quem não presta. Suas empresas já fizeram acordo de leniência. E elas continuarão a trabalhar para o estado gigante e ladrão.

Esse resultado desastroso estava já contratado nos primeiros passos de Rodrigo Janot, Sergio Moro e Deltan Dallagnol.

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