A promotoria de Paris abriu neste mês uma investigação preliminar sobre um eventual “abuso de poder social” contra um alto funcionário do governo no caso que envolve a ministra francesa da Economia, Christine Lagarde, candidata ao posto de chefe do FMI, de acordo com fontes ligadas ao processo.
As investigações iniciadas em meados de junho se debruçam sobre decisões adotadas por Jean François Rocchi, subordinado de Lagarde, que presidia uma estrutura pública chamada CDR (Consórcio de Realizações), a qual era responsável por administrar os passivos do banco francês Credit Lyonnais. O funcionário foi o encarregado de levar adiante o litígio arbitral entre o ex-empresário Bernard Tapie e o Estado francês pela venda do grupo Adidas em 1993.
Esta investigação é separada do procedimento da Corte de Justiça da República (CJR), instância responsável por investigar as infrações cometidas por ministros em exercício, que em 8 de julho anunciará se abre uma investigação por abuso de autoridade contra Lagarde – atual candidata ao posto de número um do Fundo Monetário Internacional (FMI). Isto significa que a ministra poderá ser mencionada em dois processos distintos sobre o mesmo caso.
Caso Tapie – Em julho de 2008, o Tribunal Arbitral condenou o CDR a pagar a Tapie 385 milhões de euros, sendo 45 milhões por “dano moral”, menção que, segundo o jornal Le Monde, foi acrescentada por Rocchi. A promotoria do Tribunal de Contas suspeita que o CDR “favoreceu os interesses de Bernard Tapie”, segundo o Le Monde, que afirma ainda que o valor recebido pelo empresário alcança 403 milhões de euros. Um alto magistrado afirmou que existem elementos suficientes que justificam a abertura de uma investigação contra Lagarde por “abuso de autoridade” e por ter recorrido à justiça privada quando o dinheiro público estava em jogo.
(com Agence France-Presse)