Indígenas invadem novamente canteiro de hidrelétrica de Belo Monte
Cerca de 140 indígenas da etnia Munduruku ocupam área no Pará e paralisam 3,5 mil trabalhadores da usina
Pouco mais de 15 dias após desocuparem o canteiro de obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, os indígenas voltaram à área nesta segunda-feira para protestar contra a construção da usina, que desapropria uma grande extensão de terra na região. Com isso, pela segunda vez neste mês, as atividades foram paralisadas.
Cerca de 140 indígenas da etnia Munduruku ocupam o canteiro Sítio Belo Monte, segundo a Norte Energia, empresa responsável pela usina. O Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM) explicou que as atividades de 3.500 funcionários que trabalham no local foram suspensas por motivos de segurança. No total há 23 mil trabalhadores atuando nas obras da usina do rio Xingu.
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Os índios pedem que as obras da usina hidrelétrica de Belo Monte e os estudos para a construção das usinas no Rio Tapajós sejam suspensos até que as consultas prévias aos povos indígenas sejam realizadas, informa nota no site do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). A última ocupação realizada neste mês, pelo mesmo motivo, durou cerca de uma semana, após a Justiça decidir pela reintegração de posse.
“A Norte Energia informa também que vai utilizar todos os recursos legais, fazendo uso do direito de reintegração de posse concedido pela Justiça Federal, para retomar a sua área dando continuidade ao trabalho das obras do sítio Belo Monte e segurança de todas as trabalhadoras e trabalhadores do sítio Belo Monte”, informou a empresa em nota. A Norte Energia tem entre os acionistas a Eletrobras, os fundos de pensão Petros e Funcef, a Neoenergia, a Cemig e a Light.
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A usina de Belo Monte, que faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal, teve uma explosão de gastos desde o início da construção, há dois anos. Ela foi orçada em 16 bilhões de reais, leiloada por 19 bilhões de reais e financiada por 28 bilhões de reais. Agora seu custo já supera 30 bilhões de reais e pode aumentar ainda mais com as dificuldades para levar a obra adiante. Acredita-se que, com tantos transtornos, a inauguração da usina pode atrasar um ano, o que daria 4 bilhões de reais de prejuízo para a concessionária que ganhou a licitação.
(com agência Reuters)