Ações do banco Dexia despencam e há chance de quebra
França e Bélgica analisam soluções para a instituição, que pode ser a primeira "vítima" da crise financeira
No ano de 2008, o banco Dexia já sofreu os efeitos da crise
As ações do banco franco-belga Dexia caíram fortemente pelo segundo dia seguido, após o conselho da instituição informar que sua carteira de ativos está prejudicando-a de forma estrutural, num sinal de que pode haver uma cisão do banco. Às 9 horas (horário de Brasília), as ações do banco recuavam 21,54%. Em um comunicado divulgado após uma reunião de emergência em Bruxelas que durou cinco horas, o conselho pediu que o CEO do Dexia, Pierre Mariani, “preparasse as medidas necessárias para resolver os problemas estruturais que prejudicam as atividades do grupo”, sugerindo que o banco planeja uma divisão dos ativos.
Na segunda-feira, a agência de classificação de risco Moody’s anunciou que está revisando o rating (nota) da instituição para possível rebaixamento, em consequência das dificuldades que o banco deve enfrentar para obter financiamento no mercado. O comunicado do Dexia sinaliza que o banco, que já foi um dos maiores credores de governos locais, estuda medidas contra as quais vinha resistindo há muito tempo, incluindo uma cisão que aliviaria sua grande necessidade de financiamento de curto prazo. Segundo o Dexia, seu ativo imobilizado, que segundo os analistas inclui uma carteira ampla de empréstimos a autoridades locais em vários países, feitos antes da crise de 2008, “impactaram o grupo estruturalmente”. Mas o banco afirmou por meio de um comunicado que esses ativos são de “boa qualidade”.
Ajuda – Os governos da Bélgica e da França examinaram a criação de um “banco ruim” para absorver os ativos do banco Dexia, afirmou o ministro das Finanças belga, Didier Reynders. Em entrevista à imprensa, Reynders disse que os dois governos estão prontos para ajudar o Dexia da maneira que for necessária. “Um banco ruim é uma das possibilidades. Nós examinamos isso com a administração do Dexia”, afirmou o ministro. Segundo ele, eles também estão estudando a “consolidação da divisão bancária” do Dexia.
Reynders disse que a ajuda poderá ocorrer de inúmeras formas. A ajuda financeira pode ser por meio de garantias, recapitalização ou empréstimos. Tudo vai depender da proposta apresentada pela administração do Dexia, acrescentou. O ministro declarou que os dois governos precisam assegurar que apoiam uma solução comum. Ele confirmou também que o Gabinete da Bélgica se reunirá ainda nesta terça-feira para discutir a situação do Dexia. Segundo ele, “não há motivo de grande preocupação sobre esse grupo, se continuarmos a acelerar o processo de venda de ativos e de reorganização”. No entanto, Reynders alertou que o atual ambiente poderá tornar a venda de ativos difícil.
Já o ministro das Finanças da França, François Baroin, disse que o Dexia já está no caminho para conseguir limpar seus balanços. “Desde 2008, a administração tem adotado uma política para reduzir os ativos que eram complicados, tóxicos e difíceis. Essa política avançou. A dificuldade de acessar liquidez agora cria uma complicação a mais”, destacou Baroin.
(Com Agência Estado)