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Se aprovada fusão, Abílio terá 17% do Novo Pão de Açúcar

Grupo francês Casino deteria outros 29% da empresa que seria criada a partir da fusão com Carrefour. O BNDES injetará R$ 3,8 bilhões na operação

Por Da Redação
28 jun 2011, 12h24

A provável fusão da rede varejista brasileira Pão de Açúcar com o grupo francês Carrefour resultará na criação de empresa Novo Pão de Açúcar (NPA), sobre a qual Abílio Diniz terá participação, direta e indireta, de 17%. Já a rede francesa Casino terá 29%, segundo Pércio de Souza, sócio da Estater, consultoria financeira que estruturou a fusão, representando Diniz. O Carrefour afirmou ter recebido, na manhã desta terça-feira, uma proposta formal de parceria estratégica com Diniz. Por meio do fundo Gama, capitalizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES) e gerido pelo BTG Pactual, as ações do empresário na Companhia Brasileira de Distribuição (Pão de Açúcar) seriam unidas às do grupo Carrefour. Unidos, os grupos têm capacidade de dominar 27% do varejo brasileiro, afirmou a empresa que assessora a rede de Diniz.

Infográfico: Fusão criaria líder incontestável do varejo no Brasil

Contexto: Relação entre Abílio Diniz e Casino está estremecida desde 2010

Todas as instâncias societárias do Pão de Açúcar e do Carrefour precisam aprovar a operação, além da diretoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. O banco vai injetar 1,7 bilhão de euros (cerca de 3,8 bilhões de reais) na operação. A participação de Diniz é dividida em duas partes. Diretamente, ele terá 10,5% do NPA. Indiretamente, por meio da Wilkes, ele terá mais 6,5%. Com o Casino ocorre o mesmo. Diretamente terá 15,7% e, indiretamente, por meio da Wilkes, 14,1%.”Não é uma proposta hostil. Está sujeita à aprovação dos acionistas e dos conselhos das duas empresas. Nós achamos que o resultado gera um valor enorme para as duas empresas. É uma operação ganha-ganha”, disse Pércio.

Cronologia: Brigas entre sócios marcaram últimos 23 anos do Pão de Açúcar

Cade – Souza disse que a Estáter já trabalha em uma proposta para apresentar ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O executivo não deu maiores detalhes de quando fará a apresentação. Excluindo o BNDES, a operação não foi comunicada oficialmente a outros órgãos do governo. “Não temos nem a aprovação do conselho do Carrefour nem do Pão de Açúcar, por isso achamos que não tínhamos o que apresentar ao Cade. Vamos conversar com nossos advogados para preparar a apresentação.”

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A Estáter já trabalhou para outras operações do Pão de Açúcar, como a compra do Ponto Frio. Segundo Souza, o BTG procurou a gestora há cerca de um mês, em um momento que a estrutura da fusão estava bem avançada. “Estávamos estruturando a operação para o Abilio Diniz, como acionista. O Pão de Açúcar não sabia da operação”, disse o gestor.

Na proposta de fusão entre Pão de Açúcar e Carrefour está previsto que os acionistas da CBD (Grupo Pão de Açúcar) vão migrar para uma nova empresa a ser criada, o Novo Pão de Açúcar (NPA), segundo explicou Pércio. As ações ordinárias dos acionistas da CDB serão trocadas na relação de uma para uma com as ações ON do NPA. Já a relação de troca das preferenciais da CBD será de 0,95 papéis desta empresa para 1 ON da NPA.

O NPA terá apenas ações ordinárias, com direito a tag along de 100% e serão listadas tanto na Bovespa como em Nova York. Cada acionista terá limite de 15% de poder dos votos.

Somados todos os antigos sócios da CBD detentores de ações preferenciais terão 47,6% do NPA, já os detentores de ações ordinárias ficarão com fatia de 31,2%. O empresário Abilio Diniz terá participação, direta e indireta, de 17% no NPA. Já a rede francesa Casino terá 29%, segundo Souza. Conforme comunicado divulgado mais cedo pelo Carrefour, essa nova empresa, NPA, será a controladora da CBD, que por sua vez terá embaixo dela os ativos do Carrefour no Brasil. NPA e grupo Carrefour mundial terão o controle compartilhado da CBD.

Caixa – Se aprovado, o Novo Pão de Açúcar com caixa de 5,7 bilhões de reais. Esses recursos virão a partir de aportes da BNDESPar, braço de participações do BNDES, e do Gama, fundo de private equity do BTG Pactual, segundo o sócio da Estater, Pércio de Souza. A gestão será compartilhada. Os executivos serão indicados pelo NPA e serão compostos de pessoas do Pão de Açúcar e do Carrefour no Brasil.

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A BNDESPar vai fazer um aporte de 1,7 bilhão de euros, com compra direta de ações do NPA. O BTG entrou na mesma operação com aporte de 300 milhões de euros em ações. Além disso, o Gama fez um financiamento de 500 milhões de euros para o NPA, em uma operação de dívida. O capital total da nova empresa dá 2,5 bilhões de euros, que convertidos para real resultam nos 5,7 bilhões de reais.

Leia no Radar on-line, por Lauro Jardim

O governo brasileiro abençoa a proposta (e a participação do BNDESPar diz tudo). Seria uma reedição do que fez o trio Jorge Paulo Lemann, Marcell Telles e Beto Sicupira, quando em 2003 viraram sócios importantes da belga Interbrew, criando a InBev. Se o negócio der certo, apenas no Brasil a nova empresa seria dona de 2 386 pontos de vendas – e Abílio terá dado a volta por cima. Aparentemente, a proposta que agora torna-se pública é a mesma que Abílio propôs ao Carrefour há dois meses, quando iniciaram conversações.

Essa resposta, aliás, poderá ser dada pelos papéis apreendidos na semana passada na sede do Carrefour francês pela Justiça francesa, a pedido do Casino. Oficialmente, Abílio dirá que foi surpreendido pela proposta e irá estudá-la. E agora cabe ao Casino dizer se quer ter laços societários com o seu maior concorente na França.

(Com Agência Estado)

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