por Daniel Hessel Teich, Nathan Fernandes, Rafael Moreira Mota, Matheus Leitão
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, Joanita Maestri KaroleskiAtualizado em 31 ago 2021, 18h22 - Publicado em
1 set 2021
10h00
Apresentação
A ideia de transformar o 5 de setembro no Dia da Amazônia teve objetivo pedagógico. No documento que estabeleceu sua criação, em agosto de 2003, se esclarece que o propósito da data é levar os brasileiros a refletir sobre todos os aspectos e peculiaridades dessa imensa e riquíssima região natural.
São mais de 5 milhões de quilômetros quadrados apenas em território brasileiro, habitados por 25 milhões de pessoas — seja nas grandes metrópoles regionais, seja nas aldeias indígenas ou nas áreas ribeirinhas acessíveis apenas por barco — e que concentram a maior reserva de biodiversidade do mundo.
Com a iniciativa, buscou-se chamar atenção para soluções de desenvolvimento sustentável, para políticas públicas de preservação e fiscalização e propostas que compatibilizem a conservação da natureza e a proteção ambiental com o desenvolvimento socioeconômico da região.
A escolha do 5 de setembro tem um motivo especial. Trata-se de uma homenagem à data em que foi criada a Província do Amazonas, por dom Pedro II, em 1850. Era um tempo em que a Amazônia, com sua floresta espetacular, eletrizava cientistas e exploradores do mundo. Passados 171 anos, o encanto é o mesmo. A diferença agora é que nunca foi tão urgente preservar esse patrimônio inigualável para as gerações futuras.
Nesta edição de Veja Insights, celebramos o Dia da Amazônia com cinco artigos sobre a região que abordam a sua colossal biodiversidade, projetos que discutem o futuro da preservação e também a inesgotável capacidade de se impressionar com a natureza e as comunidades que nela vivem despertada desde a passagem dos primeiros europeus pelo grande rio. Conhecer a Amazônia é o primeiro passo para protegê-la. Boa leitura.
A potência da biodiversidade
A Floresta Amazônica é o maior celeiro de seres vivos da Terra e boa parte das espécies que existem na região ainda é desconhecida - Por Daniel Hessel Teich*
Existem dezessete países no mundo considerados “megadiversos” pela comunidade ambiental. São nações que reúnem em seu território imensas variedades de espécies animais e vegetais. Sozinhas detêm 70% de toda a biodiversidade global. Normalmente, a “megadiversidade” aparece em regiões de florestas tropicais úmidas. É o caso de países como Colômbia, Peru, Indonésia e Malásia. Nenhum deles, porém, chega perto do Brasil. O país abriga aproximadamente 20% de todas as espécies animais do planeta. A variedade da flora também é impressionante. De cada cinco espécies vegetais do mundo, uma está por aqui. A explicação para tamanha abundância é simples. Os 8,5 milhões de quilômetros quadrados do território brasileiro englobam várias zonas climáticas, como a equatorial do Norte, a semiárida do Nordeste e a subtropical do Sul. A variação de clima é fator determinante para tamanha diferença ecológica. O Brasil é dono de sete biomas (zonas biogeográficas distintas), entre eles a maior planície inundável (o Pantanal) e a maior floresta tropical úmida do mundo (a Amazônia).
– Na Amazônia, foram identificadas 40 000espécies de planta, desde árvores de grande porte como a castanheira e a seringueira até frutos como açaí e cupuaçu
A Floresta Amazônica é a grande responsável por boa parte da riqueza natural do país. Com 5,5 milhões de quilômetros quadrados … deles no território brasileiro, possui nada menos do que um terço de todas as espécies vivas do planeta. No Rio Amazonas e em seus mais de 1 000 afluentes, estima-se que haja quinze vezes mais peixes que em todo o continente europeu. Apenas 1 hectare da floresta pode trazer até 300 tipos de árvore. A floresta temperada dos Estados Unidos possui 13% do número de espécies de árvores da Amazônia. A Floresta Amazônica é a grande “caixa preta” da biodiversidade mundial. Há estimativas que indicam existir mais de 10 milhões de espécies vivas em toda a floresta, mas o número real é incalculável.
– Com mais de 3 000 tipos de peixe, entre eles o tucunaré e o pirarucu, a região tem quinze vezes mais peixes do que todo o continente europeu
Para se ter uma ideia do grau de desconhecimento sobre a Amazônia, sua região mais rica em biodiversidade foi descoberta recentemente. O Alto Juruá, no Acre, ostenta o saldo invejável de 616 espécies de ave, cinquenta de réptil, 300 de aranha, 140 de sapo, dezesseis de macaco, além de 1 620 tipos de borboleta. Tudo isso em um ambiente já alterado pelo homem. O curioso é que, segundo os cientistas, foi exatamente a ocupação humana (em baixa escala, é claro) que deu ao Alto Juruá a exuberância que existe hoje. O desmatamento moderado para a criação de roçados e clareiras nos seringais é semelhante à ação de pequenas devastações naturais, como tempestades. Espécies já estabelecidas e dominantes são abaladas e cedem espaço a outras mais frágeis, que, sem esses minicataclismos, não teriam condições de se impor e florescer.
– Entre as 1 300 variedades de pássaro, há animais que vão do pequeno caçula, com apenas 5 gramas, ao gavião-real, que chega a ter asas com 2,5 metros de envergadura
O termo biodiversidade, ou diversidade biológica, é usado para descrever a variedade da vida em uma região. Quanto mais vida presente, mais biodiversa a região se torna. O cálculo da biodiversidade é feito através da quantidade de ecossistemas, espécies vivas, patrimônio genético e endemismo, ou seja, ocorrências biológicas exclusivas de uma região. O Brasil é o país com maior quantidade de espécies endêmicas: 68 mamíferos, 191 aves, 172 répteis e 294 anfíbios. As atuais estatísticas sobre biodiversidade, tanto no Brasil, quanto no resto do mundo, são baseadas apenas nas espécies conhecidas até hoje. Cálculos da Universidade Harvard feitos em 1987 estimavam a existência de algo em torno de 5 milhões de espécies de organismos vivos no planeta. Estudos mais recentes mostram que a biodiversidade global deve se estender a até 100 milhões de espécies. Destas, apenas 1,7 milhão já foram catalogadas. A disparidade entre o que se conhece e o que se acredita existir evidencia como sabemos pouco sobre a biodiversidade mundial.
– A floresta concentra 427 tipos de anfíbio, como sapos, rãs e salamandras de diversos tamanhos e cores
Novas espécies são descobertas todos os dias e uma amostra desse potencial é registrada nos levantamentos científicos feitos na região amazônica brasileira. É o caso do estudo Novas Espécies de Vertebrados e Plantas na Amazônia, divulgado em 2017 pela organização não governamental WWF-Brasil e pelo Instituto Mamirauá, órgão de pesquisa ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. A iniciativa, conduzida em pesquisas de campo realizadas entre 2014 e 2015, catalogou 381 novos tipos de animal e vegetal, originando um inventário que inclui, por exemplo, o boto-do-araguaia (Inia araguaiaensis), descrito por pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Com pele variando de rosa a cinza e de 1,5 a 2,5 metros de comprimento, ele tem o focinho longo e a testa proeminente. É geneticamente distinto do boto-da-amazônia (Inia geoffrensis), abundante em toda a região, e do boto-da-bolívia (Inia boliviensis), encontrado em uma área menor no sul da Amazônia. Anteriormente, duas outras edições do estudo já haviam listado uma grande variedade de novas espécies, sendo 1 200 identificadas entre 1999 e 2009 e 602 descobertas de 2010 a 2013.
– Os especialistas calculam que existem 378 espécies de réptil na região, categoria que envolve jacarés, tartarugas, lagartos e serpentes
Ainda assim, no Brasil, milhares de animais, plantas e microrganismos ainda estão para ser descobertos, graças à variedade climática e de ecossistemas do país. Na própria Amazônia, há uma diversidade enorme de ambientes, que vão das áreas de mata fechada aos cerrados. Calcula-se que hoje no Brasil s exploração da biodiversidade responda por cerca de 5% do PIB do país, 4% dos quais vêm da exploração da floresta e 1% do setor pesqueiro. Uma pesquisa publicada recentemente na revista Nature mostra que o valor dos serviços proporcionados pela biodiversidade mundial pode atingir os 33 trilhões de dólares por ano. É um patrimônio mal explorado. Pesquisas sobre o potencial farmacêutico de espécies da Amazônia praticamente não existem no país. Também é grande o contrabando de espécies na chamada biopirataria. São problemas que só serão resolvidos quando o país perceber que é mais vantajoso tirar dinheiro da floresta viva do que devastá-la.
– A floresta concentra 311 espécies de mamífero, que vão do maior felino das Américas, a onça-pintada, e dezenas de tipos de primata a animais aquáticos como o boto-cor-de-rosa e o tucuxi, o peixe-boi-da-amazônia, ariranhas e lontras
*Daniel Hessel Teich, editor especial de VEJA
O fator indígena
Populações nativas da Amazônia não apenas mantêm o equilíbrio ambiental nas áreas que ocupam como podem ajudar a coibir o desmatamento ilegal com recursos de alta tecnologia - Por Nathan Fernandes*
Radicadas na Amazônia há milhares de anos, as mais de setenta etnias que vivem nos limites da maior floresta úmida do planeta têm uma relação bastante especial com o ambiente exuberante que as cerca. Seu estilo de ocupação territorial tem baixo impacto na natureza e mantém o equilíbrio da mata como também pode ser decisivo na preservação do ambiente. É o que comprovam estudos científicos realizados recentemente por pesquisadores de entidades como a Universidade de Maryland e a Smithsonian Institution, ambas nos Estados Unidos.
Entre março de 2018 e fevereiro de 2020, membros de cerca de quarenta comunidades indígenas da região de Loreto, na Amazônia peruana, foram convidados para participar de um amplo estudo de monitoramento ambiental com o uso de satélites e celulares. Eles se valeram de seus smartphones para receber alertas de desmatamento, confirmar in loco a ocorrência dessas atividades ilegais e acionar as autoridades, caso necessário. Os alertas eram emitidos por um centro de monitoramento baseado nos Estados Unidos sempre que imagens de satélite registravam mudanças na cobertura florestal próxima às aldeias, com a ajuda de um algoritmo desenvolvido pela Universidade de Maryland.
A operação, que contou com cientistas e indígenas, se transformou em um estudo publicado na revista científica americana Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). O objetivo era analisar a efetividade do uso da tecnologia no patrulhamento ambiental feito pelas próprias comunidades — e o resultado foi considerado positivo pelos pesquisadores. Segundo eles, houve uma queda média de 52% na perda de cobertura de árvores, no comparativo com as comunidades que não participaram do projeto. Os resultados indicam que o programa pode contribuir para o manejo florestal sustentável em uma escala maior envolvendo comunidades indígenas de toda a Amazônia, bem como em outras florestas do mundo.
Uma das discussões científicas mais candentes entre antropólogos e estudiosos do impacto ambiental diz respeito ao impacto real que a presença humana, ainda que indígena, têm sobre a floresta, considerando o desequilíbrio entre as espécies. Um estudo recente feito por cientistas do Smithsonian Tropical Research Institute, constatou que em um período de 5 000 anos esses povos viveram no ambiente sem causar perdas ou distúrbios detectáveis de espécies na Amazônia.
Realizada também no Peru, a investigação não encontrou evidências de florestas desmatadas, cultivadas ou de outra forma significativamente alteradas na pré-história. O estudo ainda apontou que fenômenos como a destruição de terras e as queimadas são relativamente recentes: datam da chegada dos colonizadores europeus. Para chegar a esses resultados, os cientistas realizaram uma espécie de arqueologia botânica — escavando e datando o solo para construir um quadro da história da floresta tropical. Para os coordenadores da pesquisa, o trabalho reforça a ideia de que os conhecimentos indígenas tradicionais são fundamentais para o estabelecimento de um plano de conservação atual. Algumas pesquisas sugerem que boa parte da paisagem amazônica foi formada de forma ativa pelos povos indígenas antes da chegada dos europeus à América do Sul. Estudos recentes demonstraram que muitas espécies de árvore que hoje dominam a floresta foram plantadas por habitantes humanos pré-históricos. No entanto, essa interferência pouco afetou a biodiversidade ou o equilíbrio ambiental. É coisa muito diferente do que aconteceu a partir da chegada dos europeus, com sua fúria exploratória.
*Nathan Fernandes, repórter da Agenda Verde/Veja
Resistência estrangeira
A falta de apoio do governo federal em projetos sustentáveis afasta do Brasil investidores internacionais - Por Rafael Moreira Mota*
Nos tempos de ânimos acirrados, nada como o bom humor para trazer lucidez ao que deve ser feito. João Ubaldo Ribeiro, em suas memórias, na obra Um brasileiro em Berlim, com seu senso cômico, escreveu que “as coisas aqui podem ficar difíceis para brasileiros como eu, que não entendem nada de Amazônia e de índios. Ao serem informados dessa minha ignorância, alguns alemães ficam tão indignados que desistem imediatamente de conversar comigo”.
O governo federal, nos últimos dois anos, fez diversas viagens (road shows) ao exterior atrás de investimentos a ser feitos no Brasil. Porém, quando se pergunta sobre projetos na Amazônia, o que se apresenta são estudos duvidosos, por exemplo, da viabilidade do Projeto Greenfield da Ferrovia EF-170 (Ferrogrão), que prevê construção de ferrovia cortando a floresta e reservas ambientais para transportar, basicamente, soja e milho ao exterior, e que, segundo o Ministério da Infraestrutura (Minfra), reduziria em “50% a emissão de gases do efeito estufa”. No mais, aduz que haveria na região amazônica, pelo Programa de Parceria de Investimento, cerca de outros quarenta projetos em estudo, sendo oito de mineração, seis de rodovias, cinco para exploração de madeiras e dois que visam a passar para a gestão da iniciativa privada o Parque Nacional do Jaú e o Parque Nacional de Anavilhanas. Ou seja, nada se fala, concretamente, por exemplo, sobre projetos de infraestrutura que versem sobre o uso da floresta de forma sustentável e/ou com o convívio com as comunidades indígenas. Apesar disso, estranham-se a desistência de investidores e o humor internacional quanto ao zelo brasileiro com o meio ambiente.
O governo não apresenta, por exemplo, projetos de investimentos de infraestrutura necessários para o incremento do ecoturismo, que poderiam ser um dos caminhos para mudar a imagem do país e atrair o interesse do capital externo. No Brasil, o setor movimenta 6 bilhões de reais por ano, mas ainda longe de alcançar números de nações como Marrocos, Filipinas e Vietnã. Não se tem algo robusto para a correção nas infraestruturas existentes no país, a fim de permitir investimentos com a segurança jurídica que garantam o apetite do investidor, preservando os recursos naturais e a boa imagem tão importantes para o fortalecimento da nação.
Perde-se a chance de atrair investidores à indústria do turismo, que abriga também as microempresas e empresas de pequeno porte que englobam pequenos comércios. Há muito que fazer, desde a implantação e desenvolvimento de resorts até fomento a viagens de negócios, que movimentam feiras, prestação de serviços etc.
As atividades econômicas do turismo se inter-relacionam como elos, de modo que os diferentes serviços inerentes, como transporte, hospedagem, alimentação e comércio formem um produto único e completo para ser consumido pelo turista. Portanto, o investimento no turismo produz benefícios a outros setores econômicos e sociais igualmente relevantes para o desenvolvimento do país.
Uma pequena esperança se extrai do leilão realizado do bloco Norte dos aeroportos da região amazônia, no último dia 7 de abril, que espera trazer mais uma alternativa para o desenvolvimento do ecoturismo na região. Destaca-se, porém, que o governo federal, nos estudos de viabilidade dos projetos aos investidores, sequer fez alguma menção a eventuais projetos integrados de desenvolvimento do ecoturismo. Ou seja, parece que não enxerga a floresta e o seu potencial. Na comédia brasileira, em relação ao leilão, há quem ache o contrário: que o Brasil se lança como “atraente destino de investimento para infraestrutura”.
Enquanto isso, o mundo compreende a importância da natureza. Veja o caso do “pacote” de infraestrutura do presidente americano Joe Biden, de cerca de 2,5 trilhões de dólares, que, entre outras prioridades, prevê maciços investimentos que beneficiam o meio ambiente. Ou seja, o mercado internacional dá sinais de que parte do capital investido considerará o ESG (sigla em inglês para meio ambiente, social e governança), posicionando a sustentabilidade social e ambiental nos novos modelos de desenvolvimento.
O Brasil poderia aproveitar a sua riqueza ambiental para angariar recursos, com o governo federal induzindo o investimento sustentável. Porém, ao não acompanhar a lucidez dos tempos atuais e deixar de desenvolver projetos sustentáveis e sociais para a Amazônia, o país poderá continuar a ser ignorado pelos investidores internacionais. Pior seria, apenas, se o Brasil fosse considerado uma piada internacional quanto ao meio ambiente.
*Rafael Moreira Mota, mestre em direito constitucional e sócio do Mota Kalume Advogados
Sinal de fumaça
Com as queimadas, a Floresta Amazônica deixa ser o “pulmão do planeta” para se transformar em um grande emissor de carbono - Por Nathan Fernandes
As páginas da respeitada revista científica britânica Nature estamparam em julho uma novidade que impactou o Brasil e o mundo a respeito da Floresta Amazônica. Conhecida por sua capacidade de retirar gás carbônico da atmosfera, daí o apelido “pulmão verde do planeta”, a massiva formação vegetal também emite a substância em quantidades consideráveis, contribuindo para o avanço da crise climática. Reverter o processo, no entanto, não é garantia de benefícios para o meio ambiente, como sugerem outros estudos.
Na pesquisa publicada na Nature, a pesquisadora brasileira Luciana Gatti e a equipe do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostraram que as emissões de carbono foram dez vezes maiores em áreas com mais de 30% de desmatamento na Amazônia e que apenas 18% das emissões por queimadas estão sendo absorvidas pela floresta, resultando num montante de mais de 1 bilhão de toneladas de dióxido de carbono despejadas na atmosfera por ano.
As principais responsáveis pelas emissões são as queimadas, destinadas a limpar terras para a produção de carne e soja. De acordo com os pesquisadores, os estados do Pará e de Mato Grosso são epicentros do problema. No artigo, eles explicam que nos últimos quarenta anos, a parte leste da Amazônia tem sido sujeita a mais desmatamento, aquecimento e stress por umidade do que a parte oeste, especialmente durante a estação seca, com o sudeste da região experimentando as tendências mais fortes.
Em um estudo parecido realizado na Rússia, também publicado pela Nature, cientistas observaram o oposto do que é registrado aqui. Uma nova pesquisa na maior área florestal de clima frio e temperado do planeta, que se estende por onze fusos horários, sugere que, à medida que as árvores aumentam seu ritmo de crescimento e avançam na direção da tundra ártica, próximo do Polo Norte, a taxa de absorção de carbono também aumenta. Ou seja, as florestas russas desempenham um papel global ainda mais importante no sequestro de carbono do que se pensava anteriormente, como constatou o pesquisador Dmitry Schepaschenko, do Instituto Internacional de Análise de Sistemas Aplicados (IIASA, na sigla em inglês), organização intergovernamental sediada na Áustria.
De acordo com o levantamento, desde 1988, a floresta boreal, ou taiga, capturou cerca de 1,7 bilhão de toneladas de dióxido de carbono por ano, 47% a mais do que já foi declarado oficialmente. Ao contrário do registrado na Amazônia, a notícia é boa para o planeta, mas traz um aspecto que preocupa os cientistas do clima. A Rússia já compensa mais de um quarto das emissões de combustíveis fósseis com a ajuda das florestas. Além disso, no início do ano, o presidente Vladimir Putin anunciou planos de arrendar áreas florestadas para a venda de crédito de carbono a empresas interessadas, através de uma plataforma digital. Na mesma linha, o ministro para o desenvolvimento do Extremo Oriente e Ártico, Alexey Chekunkov, mostrou que o país tem potencial para se tornar um grande hub de captura de carbono e atrair interessados de todo o planeta.
O raciocínio por trás do programa russo é que ações nefastas podem ser mitigadas por investimentos na ampliação da floresta boreal, o que não é uma garantia de harmonia com as demandas climáticas globais. O cientista do clima e pesquisador da Universidade Lund, na Suécia, Wolfgang Knorr resume a situação da Rússia: “Primeiro você declara algum ecossistema natural como seu, porque você é um país ou uma entidade política e essa região está localizada em seu território. Então, você afirma que, por causa desta ou daquela política, está absorvendo grandes quantidades de carbono. Na etapa três, você inclui essa absorção como parte de suas obrigações de redução de carbono. E aí seu problema está resolvido”. No que diz respeito às discussões que envolvem queimadas e destruição florestal como as que acometem a Amazônia brasileira, não há soluções simples.
Manejo sustentável
No Pará, empresas, cooperativas e associações tentam preservar a Amazônia por meio de concessões florestais - Por Matheus Leitão*
Em meio aos níveis recordes de desmatamento, a concessão florestal tem sido usada no estado do Pará para ajudar na conservação da Floresta Amazônica. Por meio da Lei de Gestão de Florestas Públicas, o poder público concede a empresas, cooperativas e associações de comunidades locais permissão para realizar o manejo florestal sustentável para extrair produtos madeireiros e não madeireiros, assim como fornecer serviços de turismo.
Na concessão e no manejo florestal, há um sistema de rodízio para realizar a exploração da madeira. No máximo, seis árvores são retiradas por hectare, e a área só voltará a ser explorada a cada 25 a trinta anos, garantindo o tempo necessário para a recuperação plena da floresta manejada.
No estado do Pará, as florestas públicas estaduais da região do Mamuru-Arapiuns foram inseridas no Plano Anual de Outorga Florestal (Paof) de 2009, licenciado em 2010. No período de 2008 a 2020, segundo dados do Sistema Prodes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), os municípios onde se localizam as glebas acumularam uma área desmatada de 966,64 quilômetros quadrados.
No interior das regiões destinadas à concessão florestal, a área desmatada foi de 76,65 quilômetros quadrados, o que equivale a 8% do total registrado na região e 0,2% em relação ao desmatamento no estado, que no período registrou uma área desmatada de 39,957 quilômetros quadrados.
A partir de 2010, as taxas de desmatamento na área das concessões passaram por redução, o que coincide com o início do licenciamento para a gestão do uso sustentável na forma de manejo florestal nessa área.
O manejo florestal preconiza a utilização dos recursos florestais de maneira sustentável, então, onde há manejo, não há desmatamento. A técnica prevê uma supressão qualificada de determinados tipos de árvore, que são passíveis de comercialização de forma que não afete o conjunto da recuperação da área manejada. Criteriosamente aplicado, o manejo é uma solução, e não um problema.
*Matheus Leitão, colunista do site de VEJA
O mito original
Cronista da primeira expedição a percorrer o Rio Amazonas, Gaspar de Carvajal associou para sempre a maior floresta do mundo à lenda das mulheres guerreiras da Grécia Antiga - Por Daniel Hessel Teich
O espanhol Gaspar de Carvajal entrou para a posteridade praticamente por acaso. Frade dominicano, nasceu em 1504 e fez parte da legião de europeus que, a partir da Península Ibérica, cruzaram o Oceano Atlântico rumo ao Novo Mundo em busca de riquezas — e almas — a ser conquistadas. Conterrâneo — e contemporâneo — de figuras históricas como os irmãos Francisco e Gonzalo Pizarro, que tomaram o império inca em nome do rei da Espanha, acabou se vendo na expedição que quase por acidente percorreu pela primeira vez o Rio Amazonas a partir das encostas andinas até a foz a milhares de quilômetros de distância. A partir dessa expedição, escreveu o relato Relación del nuevo descubrimiento del famoso río Grande que descubrió por muy gran ventura el capitán Francisco de Orellana, repleto de descrições surpreendentes de um mundo que fascinava os europeus da época.
Mesmo sem o brilho de outros cronistas contemporâneos, Carvajal registras as primeiras impressões e o choque dos exploradores com a grandiosidade do maior rio do mundo e de suas margens tomadas por uma natureza exuberante. Mas o frade não se dedica apenas à natureza. Suas narrativas são pontilhadas de episódios envolvendo as povoações indígenas que vivam na região, com as quais travou contato durante a viagem. Em meio a uma dessas narrativas, ao relatar um dos inúmeros confrontos com índios que aconteceram na epopeia, menciona um grupo de mulheres guerreiras, que acabou associado às lendárias amazonas da Grécia Antiga. Ele as descreve como exímias arqueiras e, citando testemunhos de outros nativos, discorre sobre as aldeias onde viveriam tais mulheres, repletas de riquezas amealhadas em disputas com outras tribos e onde os homens eram recebidos apenas para fins de procriação — as crianças do sexo masculino que nasciam desses relacionamentos eram mortas ou entregues à tribo do pai.
De tão incríveis, as histórias de Carvajal se tornaram sensação e foram reproduzidas e misturadas a inúmeros outros relatos envolvendo a região nessa época. Tão espetacular quanto a lenda do El Dorado, reino repleto de ouro e pedras preciosas, o mito das Amazonas se perpetuou no imaginário europeu ocidental e acabou batizando não só o grande rio onde viveriam tais guerreiras, como também toda a região compreendida em torno de seus mais de 1 000 tributários e coberta por densa floresta equatorial.
A aventura do dominicano nascido na região de Estremadura, berço de dezenas de exploradores das novas terras americanas, começou em 1541, quando se engajou em uma expedição destinada a encontrar a chamada Terra da Canela, localidade onde os espanhóis acreditavam haver quantidades imensas da especiaria, vendida a preço de ouro na Europa. O grupo, formado por duas centenas de europeus e mais de 4 000 índios, era comandado por Gonzalo Pizarro (irmão de Francisco Pizarro, o sanguinário conquistador do Peru) e Francisco de Orellana. O grupo partiu da cidade de Quito e se embrenhou na densa mata rumo a leste, em direção ao interior do continente. Em determinado ponto da jornada, ainda dentro do atual território do Equador, depois de muitos contratempos e mortes, a expedição se dividiu em uma vila às margens do rio Napo, já no sopé oriental dos Andes.
No lugarejo chamado El Barco, o grupo com cerca de 1 000 homens estabeleceu uma base sob a liderança de Pizarro, enquanto um destacamento com cerca de setenta expedicionários chefiados por Orellana desceu a corrente em um barco a remo e algumas canoas em busca de comida. O frei Carvajal fazia parte desse grupo. Vencidos os primeiros quilômetros rio adentro, os exploradores perceberam que não conseguiriam mais retornar ao ponto de partida e decidiram seguir em frente ao ritmo da correnteza. Pizarro, por sua vez, ao perceber quanto o grupo demorava para retornar, considerou-o perdido e partiu de volta a Quito, em uma jornada que praticamente levou todos os expedicionários à morte.
O grupo de Orellana seguiu pelo Rio Napo, até alcançar a foz do Rio Trinidad (hoje Rio Juruá) e dali navegou até a confluência das águas com o Rio Negro (denominação dada por Orellana). A expedição durou dez meses e percorreu 4 800 quilômetros. De início, percorreu áreas inabitadas e por pouco os homens não morreram de fome. Sem conhecimento dos recursos naturais da região ou habilidades para caça, pesca ou coleta de frutas e raízes em terra firme, o grupo se alimentava de pedaços de couro fervido com ervas.
O contato com os indígenas que habitavam as margens começou a partir da atual fronteira entre o Equador e o Peru. Relativamente fluente no idioma dos nativos, Orellana travou contato com os líderes locais, em especial um deles, identificado como Aparia, e conquistou sua simpatia. Em seu relato, Carvajal explica que, o interesse imediato se resumia a mapear as margens do rio, tomar posse delas em nome do rei da Espanha, Carlos I, e garantir a própria sobrevivência. Com isso, procurava-se seguir de uma aldeia a outra sem entrar em conflito com os anfitriões, mesmo se tendo identificado entre os índios a existência de uma profusão de adornos de ouro, prata e pedras semipreciosas.
A partir da fronteira do Peru com o Brasil, a situação mudou drasticamente, ao entrar no território da tribo dos omaguás. Dos arredores de onde hoje fica a cidade de Tefé, no estado do Amazonas, até o fim do percurso, os índios se tornaram extremamente hostis. A comunicação ficava cada vez mais difícil, dada a variedade de idiomas. Os ataques e escaramuças passaram a ser mais recorrentes e em um deles Carvajal perdeu um olho. Na foz do atual Rio Trombetas, os exploradores foram recebidos com o que Carvajal chama de “flechas peçonhentas”, no primeiro relato do uso do curare pelos índios. A expedição se concluiu no turbulento encontro das águas do rio com o mar e na navegação seguiu alinhada à costa norte da América do Sul, rumo à ilha de Cubagua, possessão espanhola atualmente parte da Venezuela. Dos 77 que começaram a epopeia, 56 sobreviveram. Carvajal retornou a Lima, onde se estabeleceu até sua morte, em 1584.
No decorrer de novas expedições e de um maior aprofundamento nos conhecimentos a respeito da Amazônia, o relato de Carvajal sobre as mulheres guerreiras passou por um amplo processo de relativização. Sem maiores evidências de sua existência, especialistas procuraram explicar as impressões do frade, sem necessariamente desmenti-las. Assim, a versão mais aceita é que o religioso e seus companheiros se confundiram ao ver, na verdade, guerreiros de uma etnia específica que tinham como traço o uso de cabelos longos. Os testemunhos sobre a aldeia de tais mulheres seriam fruto das falhas de comunicação dos nativos e da imaginação hipertrofiada dos espanhóis em um ambiente tão exótico. O fato é que, mesmo sabidamente irreal, a citação foi incorporada definitivamente no imaginário europeu do século XVI e se vinculou para sempre à região.
A bioeconomia é a solução
Os capitais privado e filantrópico podem fomentar a capacitação da população local e o desenvolvimento tecnológico para impulsionar uma nova economia na Amazônia - Por Joanita Maestri Karoleski*
De sabor suave, o pirarucu, um dos maiores peixes da Amazônia, é apreciado em restaurantes de grandes centros urbanos do Brasil. A pesca controlada tirou a espécie da ameaça de extinção e permitiu que o pirarucu se tornasse fonte de renda para famílias das comunidades ao longo do rio Juruá, no coração do Estado do Amazonas. Mas a dificuldade de escoar o produto altamente perecível é um dos fatores que limitam a expansão dos negócios da pesca sustentável: faltam embarcações apropriadas e unidades de processamento do peixe na região que possam prepará-lo para alcançar mercados cada vez mais distantes.
O enredo do pirarucu se repete com muitos outros produtos compatíveis com o desenvolvimento socioeconômico sustentável das comunidades da região e fundamentais para a conservação do bioma. A Amazônia brasileira desperdiça o potencial de usar sua biodiversidade como base para o desenvolvimento de produtos de alto valor agregado, a partir de inovações tecnológicas, que gerem renda para as comunidades da região e ajudem a preservar a floresta em pé. O conceito abarca aspectos econômicos, sociais e ambientais, mas pode ser sintetizado em uma só palavra: bioeconomia da floresta, o modelo para um futuro que precisa começar hoje, quando frear as emissões dos gases causadores do efeito estufa é condição imprescindível para garantir a vida no planeta como a conhecemos.
Se o Brasil explorasse de forma mais eficiente apenas os produtos compatíveis com a floresta que já comercializa, poderia arrecadar R$ 10 bilhões por ano. Hoje, esse valor não passa de pouco mais de R$ 1,5 bilhão. Isso significa que os negócios sustentáveis do bioma alcançam apenas 0,17% de um mercado global que movimenta US$ 176,6 bilhões por ano. O cálculo foi feito pelo pesquisador brasileiro Salo Coslovsky, da Universidade de Nova York, em um estudo para o projeto Amazônia 2030, que tem como objetivo desenvolver um plano de ações para o bioma.
Um exemplo dessa disfunção é o caso das castanhas. Segundo levantamento de Coslovsky, o único mercado global de produtos compatíveis com a floresta que a Amazônia dominou foi o de castanha-do-pará, mais conhecida no exterior como Castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa), em que tem participação em 47% das exportações. O porém é que os maiores destinos – Peru (38%) e Bolívia (16%) – investiram em uma cadeia industrial e comercial para descascá-la e exportá-la por um preço unitário quatro vezes maior do que o da castanha com casca. A conclusão é que há empresas e comunidades na região que sabem produzir produtos compatíveis com a floresta de forma competitiva e eficiente. Mas que precisam de investimentos, consultoria técnica e organização setorial para adquirir competências que expandam seu raio, volume e valores de atuação.
É no espaço de fortalecimento de cadeias da floresta que a filantropia pode dar uma contribuição decisiva para o desenvolvimento sustentável da região, sobretudo investindo em negócios que estão na base das cadeias da floresta, em novos negócios e no fomento do ecossistema de inovação. Ao aportar recursos financeiros e apoio técnico em iniciativas locais, podemos alavancar a bioeconomia amazônica, capaz de gerar empregos e aumentar a renda da população que vive na região – mais de 20 milhões de pessoas – e ainda promover a conservação da floresta.
As comunidades que vivem da pesca sustentável do pirarucu no Médio Juruá, por exemplo, já podem sonhar com voos mais altos. A Associação dos Produtores Rurais de Carauari, que há 30 anos congrega os pescadores da região em busca de melhores condições sociais e econômicas, foi uma das organizações escolhidas para o primeiro aporte de recursos do Fundo JBS pela Amazônia, uma associação fundada em setembro de 2020 para apoiar e financiar iniciativas que visam ao desenvolvimento sustentável do Bioma Amazônico. O Fundo, que nasceu a partir da doação feita pela JBS de R$ 250 milhões em cinco anos, é aberto a contribuições de pessoas físicas, da iniciativa privada e do terceiro setor.
O financiamento de R$ 2,3 milhões na cadeia do pirarucu e outros pecados permitirá a aquisição de uma nova embarcação que já possibilite o pré-beneficiamento do pescado ainda na área de manejo, além de apoiar o fortalecimento da gestão e do modelo de negócio. Com o investimento, a produção anual deve triplicar, passando de 90 para 270 toneladas, o que levará o atual faturamento de R$ 630 mil para mais de R$ 2 milhões por ano, beneficiando cerca de 450 famílias da região em 55 comunidades que ganharão com aumento de renda.
A pesca sustentável do pirarucu é apenas um exemplo de como é possível usar os recursos biológicos que a floresta nos dá. Ao incorporar ciência e tecnologia para agregar valor às matérias-primas que encontramos na natureza, é possível potencializar a obtenção de renda para a população local, ao mesmo tempo em que preservamos o meio ambiente. Um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estima que a bioeconomia responderá, até 2030, por 2,7% do PIB dos seus países membros. Nos Estados Unidos, as Academias de Ciências, de Engenharia e de Medicina calculam que 5% do PIB americano já venham da bioeconomia. Lá, o foco é usar a natureza de maneira sustentável para a produção de energia, fibra e alimentos, geralmente a partir de monoculturas. A bioeconomia de floresta, com toda a potência de sua biodiversidade, é mais rara – e uma grande oportunidade para o Brasil.
Na Amazônia, há um potencial inexplorado ainda maior: a floresta concentra a maior biodiversidade do mundo. Os pesquisadores Carlos Nobre e Ismael Nobre, dois dos principais climatologistas do país, informam que mais de 450 espécies da flora amazônica já são conhecidas e usadas tradicionalmente. Quantas não poderiam se tornar ativos econômicos valiosos e rentáveis com desenvolvimento tecnológico dentro de projetos sustentáveis?
Para explorar esse potencial, é preciso também investir em educação e capacitação em gestão de negócios comunitários, além de ciência e tecnologia. Esses são os pilares que gerarão força de trabalho e empreendedores capacitados, além de inovações que agregarão valor aos recursos biológicos, trazendo renda, qualidade de vida e desenvolvimento sustentável para a população da região.
O conhecimento das populações tradicionais da Amazônia também não pode ser perdido de vista. São pessoas como o pescador José Alves de Moraes, de 47 anos, que ajudou a elaborar regras para a pesca sustentável do pirarucu em Lago Serrado, no município de Carauari (AM). Desde que a comunidade definiu quantos quilos de pirarucu poderiam ser pescados, quais equipamentos seriam permitidos e o período em que ocorreria a pesca autorizada, José e os colegas viram o número de peixes – e a renda de suas famílias – aumentar ano a ano. Gente que havia migrado para a cidade voltou para a comunidade para ajudar. Houve quem deixasse a exploração ilegal de madeira para viver da atividade sustentável. “Foi uma mudança radical na nossa qualidade de vida: conseguimos melhorar as nossas casas, dar aos nossos filhos o que eles precisam, protegendo a fauna e a flora”, conta José.
A bioeconomia não é a única via para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. Mas é boa parte do caminho a trilhar em busca de um futuro melhor para as comunidades amazônicas e para todo o planeta, com a floresta em pé.
*Joanita Maestri Karoleski, Presidente do Fundo JBS pela Amazônia e conselheira consultiva do Instituto Mulheres do Varejo
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