Voluntários da COP30, o que faz uma pessoa trabalhar seis horas por dia sem ganhar nada

Contato com gente do mundo todo e obtenção de certificado da ONU com valor no mercado de trabalho ajudam a explicar

Por Ricardo Ferraz SEGUIR SEGUINDO 16 nov 2025, 08h00

Voluntários na COP: sorriso no rosto e canudo na mão (Ricardo Ferraz/VEJA)

É praticamente impossível andar pelos corredores da COP30 e não se deparar com jovens uniformizados que se destacam na multidão pelo sorriso no rosto. Os 1 300 voluntários da conferência do clima da ONU estão por todas as partes, sempre prontos a auxiliar os participantes.

A principal atividade é passar informação, mas também há trabalhos relacionados à recepção dos vistiantes e tarefas administrativas, como auxiliar as reuniões, coletivas de imprensa, entre outros.

A experiência inédita de ver de perto uma conferência da ONU atraiu muitos homens e mulheres. A maioria, estudantes. “Soube pelas redes sociais da universidade onde estudo e resolvi tentar”, conta Luana Coutinho, 23 anos, aluna do curso de enfermagem.

O contato com gente de todo mundo também a apontado como outro atrativo. “Estou fazendo conexões com pessoas de diversos países e conheci culturas que sequer imaginava que existia”, conta

Mesmo sendo gratificante, o trabalho é puxado, principalmente para quem não irá receber um centavo pela dedicação. São seis horas praticamente de pé. “Tô chegando exausta em casa”, desabafa Tainá Reis, 27 anos, formada em letras.

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Para compensar o esforço, ela tem participado de atividades no contra turno. Já viu palestras sobre paineis solares e e energia renovável, no estande do Japão e da China. Outra vantagem é o almejado certifiado de voluntario da ONU, que conta pontos na carreira profissional. “É um diferencial no Currículo”, diz Tainá. “Pretendo tentar uma especializaçãono exterior e isso pode me dar uma vantagem competitiva”.

Para conseguir a vaga, todos tiveram de passar por seleção que incluiu uma entrevista em inglês, um requisito obrigatório. Após o processo de admissão também tiveram de passar por capacitação de 120 horas que inclui noções de comportamento, turismo, clima e comunicação. Para essa turma o legado da COP30 tem um componente para lá de pessoal e vai muito além das melhorias na cidade.