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Vendas desaceleram em setembro, mas varejo tem melhor trimestre em 20 anos

Mês marcou a quinta alta consecutiva, mas taxa de 0,6% é a menor desde maio; entre julho e setembro, crescimento foi de 17,2%, recorde na série histórica

Por Larissa Quintino Atualizado em 11 nov 2020, 09h53 - Publicado em 11 nov 2020, 09h32

O volume de vendas no varejo cresceu 0,6% em setembro. O dado, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, 11, aponta para o quinto mês seguido de avanço nas vendas, mas o ritmo vem desacelerando. Após queda recorde em abril, o indicador chegou a 12,2% em maio e, mês a mês, sobe, mas em um porcentual menor.

Em agosto, por exemplo, o crescimento foi de 3,1%, maior que o registrado em setembro. Mesmo com a variação menor, o resultado ajudou no forte crescimento do trimestre de julho a setembro. A alta foi de 17,2% em relação ao período anterior, um recorde da série histórica iniciada em 2000.

“Isso ocorreu, porque os trimestres anteriores apresentaram desempenho muito baixo: -1,9% no primeiro e -8,5% no segundo. Em relação ao terceiro trimestre de 2019, o aumento é de 6,3%, a maior alta desde 2014”, afirma Cristiano Santos, gerente da Pesquisa Mensal do Comércio. Em relação a setembro do ano passado, o crescimento é de 7,3%. 

O varejo foi um dos setores mais beneficiados pelo auxílio emergencial e, a partir de setembro, o valor da parcela diminuiu pela metade. Os beneficiários que já haviam recebido cinco parcelas de 600 reais passaram a receber 300 reais de ajuda do governo. Segundo Santos, a desaceleração do ritmo de crescimento é natural depois de fortes altas.

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“A desaceleração representa uma acomodação, porque as quedas de março e abril foram muito expressivas, o que fez com que os meses seguintes de recuperação também tivessem altas intensas. A desaceleração é como se a série estivesse voltando à normalidade”, analisa.

Entre as oito atividades pesquisadas, cinco tiveram taxas positivas na comparação com agosto: Livros, jornais, revistas e artigos de papelaria (8,9%); Combustíveis e lubrificantes (3,1%); Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (2,1%); Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (1,1%) e Móveis e eletrodomésticos (1,0%). Por outro lado, os recuos foram registrados por Tecidos, vestuário e calçados (-2,4%); Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,6%); e Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0.4%).

Enquanto nos meses anteriores houve um peso forte de materiais de construção no varejo ampliado e de móveis e eletrodomésticos no varejo, em setembro, houve uma diversificação de altas de outros setores.

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“A atividade de livros, jornais, revistas e artigos de papelaria, embora continue negativa em indicadores, como o acumulado do ano e nos últimos 12 meses, teve uma recuperação grande em setembro. Já a de Artigos farmacêuticos médicos, ortopédicos e de perfumaria teve uma trajetória claudicante nos últimos meses e em setembro chegou a 2,1%. Móveis e eletrodomésticos e Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, continuam com crescimento. Parte desse desempenho pode estar relacionado à ida ao home office, embora já estejamos vivenciando a abertura”, explica Santos.

Peso da inflação

De acordo com o IBGE, o setor de Hiper e supermercados está sendo impactado pela inflação de alimentos. De abril a setembro, o setor teve crescimento de 10,6% na receita, enquanto em volume, o ganho foi de 4,7% nesse período. No começo da pandemia, o setor, junto com saúde e cuidados pessoais, foi um dos únicos que teve desempenho positivo.

“A inflação de alimentos em setembro impactou bastante. Nos três últimos meses, os indicadores de receita do setor registram dois índices positivos, 2,1% em setembro e 0,5% em julho, e um negativo, -0,7% em agosto. Já os indicadores de volume foram todos negativos em setembro , o componente da inflação influencia os indicadores nos últimos três meses”, explica Santos.

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