Varejo cresce 4,7% em 2024 e tem melhor resultado em 12 anos
O destaque do ano foi o setor farmacêutico, que registrou uma alta expressiva de 14,2%; já as vendas de livros e jornais caíram 7,7%, segundo IBGE

O comércio varejista brasileiro encerrou 2024 com um crescimento de 4,7%, marcando o melhor desempenho anual desde 2012, quando avançou 8,4%. O destaque do ano foi o setor farmacêutico, que registrou uma alta expressiva de 14,2%, um setor que cresce continuamente há oito anos. No sentido oposto, as vendas de livros, jornais, revistas e papelaria tiveram a maior queda do período, recuando 7,7%.
Os dados são da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada nesta terça-feira 13, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o levantamento, apesar da expansão anual, o setor registrou estabilidade nos últimos dois meses do ano, com variação negativa de 0,1% em dezembro em relação a novembro, e variação nula na média trimestral.
O gerente da pesquisa, Cristiano Santos, ressalta que a estabilidade ocorre sobre uma base elevada. “Viemos de dois meses de estabilidade, mas essa estabilidade sustenta um patamar recorde que foi atingido em outubro de 2024, ou seja, é uma estabilidade na alta”, afirmou.
Setores do varejo que mais cresceram em 2024
Entre as oito atividades do varejo que fecharam o ano no azul, além de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (14,2%), também tiveram altas significativas veículos e motos, partes e peças (11,7%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (7,1%) e material de construção (4,7%). Também registraram crescimento os segmentos de hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (4,6%), móveis e eletrodomésticos (4,2%), tecidos, vestuário e calçados (2,8%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (0,7%).
Segundo o IBGE, o bom desempenho do setor farmacêutico se deve ao crescimento tanto de medicamentos quanto de produtos de perfumaria e cosméticos. Já o setor de artigos de uso pessoal e doméstico se recuperou após dois anos de retração, impactado anteriormente por dificuldades financeiras enfrentadas por grandes redes de lojas de departamento.
Setores do varejo que mais caíram em 2024
Por outro lado, três segmentos fecharam o ano em queda. O setor de livros, jornais, revistas e papelaria (-7,7%) segue sendo impactado pela digitalização e pelo declínio da venda de produtos físicos, embora o livro didático ainda sustente parte do mercado. O atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo (-7,1%) também registrou retração, num ano de alta concorrência na distribuição de cereais e leguminosas. Já combustíveis e lubrificantes (-1,5%) sofreram com a demanda mais fraca no setor de transportes.
“O segmento de livros, jornais, revistas e papelaria já vem acumulando quedas há alguns anos, a última alta foi em 2022. Isso está relacionado ao crescente processo de digitalização de parte de seus produtos. O que vem sustentando essa atividade é o livro didático”, diz o gerente da pesquisa. No caso de atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo, ele destaca que foi um ano muito focado na distribuição de cereais e leguminosas, num mercado muito competitivo. “Já o setor de combustíveis e lubrificantes está vinculado à demanda de transportes, que não foi tão forte em 2024”, afirma Santos.