Vale “esfria” o aço com produto que usa menos calor e polui menos

Briquete verde da mineradora dispensa queima a 1.300 °C e pode reduzir em até 10% a poluição da siderurgia

Por Camila Pati SEGUIR SEGUINDO Atualizado em 5 nov 2025, 13h22 - Publicado em 5 nov 2025, 12h46

Segundo o comunicado enviado pela Vale à Bolsa de Valores de São Paulo e aos seus acionistas, a negociação está condicionada à aprovação das autoridades reguladoras da Colômbia (Divulgação/VEJA)

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Um novo produto da Vale, o briquete de minério de ferro, permite produzir aço com menos calor e, consequentemente, menos emissão de gases de efeito estufa.

Hoje, boa parte do minério de ferro precisa ser fervida a cerca de 1.300 °C antes de virar aço, uma etapa chamada de sinterização, que consome combustível fóssil e libera grandes quantidades de CO₂. O briquete da Vale, produzido a partir de décadas de pesquisa, muda essa lógica: ele dispensa a queima e “cura” a frio, a apenas 200 °C a 250 °C, temperatura próxima à de um forno de cozinha. Segundo a empresa ele também dispensa uso de água na sua produção

Essa diferença brutal de calor reduz o gasto de energia, diminui a fumaça e os gases poluentes e ainda evita o uso de água. Segundo a Vale, o novo processo pode cortar em até 10% as emissões da indústria do aço, que responde por 8% das emissões de gases de efeito estufa no planeta. Anunciado em 2021, o briquete de minério de ferro começou a ser desenvolvido pela Vale há cerca de 20 anos no Centro Tecnológico de Ferrosos (CTF), em Nova Lima (MG).

O “briquete verde” faz parte do plano climático da mineradora, que assumiu o compromisso de zerar suas emissões líquidas de carbono até 2050, em linha com o Acordo de Paris. A meta inclui reduzir em 33% até 2030 as emissões sob responsabilidade direta da empresa e em 15% até 2035 as emissões ligadas à sua cadeia de valor, que envolve clientes e fornecedores siderúrgicos. Hoje, 98% das emissões de CO₂ da Vale vêm justamente dessa cadeia.

A primeira planta foi inaugurada em 2023, em Vitória, e está dedicada a fornecer briquetes para testes de longa duração em diferentes clientes e mercados. Segundo a empresa, nos últimos meses, foram realizados três testes industriais em altos-fornos, com bons resultados e a empresa negocia atualmente com 30 clientes interessados em testar o produto.