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Um acordo de R$ 478 milhões que pode custar ainda mais caro a Daniel Vorcaro

Banqueiro pode enfrentar revés relevante em um de seus investimentos mais emblemáticos: a Oncoclínicas & Co, gigante do setor de tratamento oncológico

Por Redação Atualizado em 22 out 2025, 22h15 - Publicado em 22 out 2025, 18h50

O poderoso banqueiro mineiro Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, pode enfrentar um revés relevante em um de seus investimentos mais emblemáticos: a Oncoclínicas & Co, gigante do setor de tratamento oncológico. Um acordo firmado entre a companhia e o banco, envolvendo R$ 478,2 milhões em CDBs, abre a possibilidade de que ações detidas por fundos ligados ao Master sejam transferidas à Oncoclínicas, caso as obrigações financeiras não sejam honradas integralmente.

O que está em jogo

Em comunicado ao mercado, a Oncoclínicas informou ter firmado um acordo de repactuação para o resgate dos CDBs emitidos pelo Banco Master, atualmente em nome da própria empresa. Esses títulos somam quase meio bilhão de reais e serão quitados em 20 parcelas mensais, entre outubro de 2025 e maio de 2027.

Na prática, o grupo de saúde aceitou escalonar o recebimento dos valores, reduzindo o risco de inadimplência imediata e evitando uma disputa judicial. No entanto, o contrato inclui uma cláusula de “vencimento antecipado” — um tipo de gatilho financeiro que pode ser acionado caso o Banco Master descumpra qualquer parcela do acordo.

Se isso ocorrer, a Oncoclínicas terá direito de utilizar o saldo devido dos CDBs como meio de pagamento para adquirir cotas dos fundos de investimento Tessália e Quíron, ambos controlados pelo Master e acionistas relevantes da companhia. Em outras palavras: a empresa poderia converter um crédito financeiro em participação acionária, diluindo ou mesmo eliminando a fatia de Vorcaro no negócio.

O mecanismo do CDB

Os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) são títulos de renda fixa emitidos por instituições financeiras para captar recursos. O investidor empresta dinheiro ao banco e recebe juros em troca. No caso da Oncoclínicas, o fluxo foi o inverso: a companhia aplicou recursos no Banco Master, adquirindo CDBs de emissão do próprio banco — algo comum entre grandes empresas com excesso de caixa, que buscam diversificação de rendimento.

O problema surgiu quando parte desses recursos ficou congelada em meio à deterioração das condições de liquidez do banco. O novo acordo tenta resolver a pendência com pagamentos escalonados, mas cria uma ponte direta entre a dívida financeira do Master e o investimento acionário de Vorcaro.

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Se o banco atrasar, a Oncoclínicas poderá exercer o direito de compensação — trocando o dinheiro a receber pelos papéis detidos pelos fundos do próprio banco.

O risco para Vorcaro

A operação, desenhada para proteger o caixa da Oncoclínicas, também embute um risco potencialmente explosivo para Daniel Vorcaro: a perda do ativo mais estratégico que o Banco Master detém fora do sistema financeiro.

Desde que os fundos Tessália e Quíron injetaram cerca de R$ 1 bilhão na Oncoclínicas, em 2023, o grupo tornou-se um dos maiores acionistas da companhia, com algo em torno de 12 % do capital. Essa posição projetou Vorcaro como investidor relevante no setor de saúde, num movimento paralelo à expansão do banco para o crédito corporativo e imobiliário.

Mas o novo acordo faz essa mesma posição servir como garantia implícita — ainda que indireta — de uma dívida do próprio banco com a empresa investida. Se o cronograma de 20 parcelas falhar, o efeito dominó poderá levar à transferência parcial ou total dessas ações para a Oncoclínicas, desde que aprovada em assembleia de acionistas.

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Proteção ou fragilidade?

Do ponto de vista da Oncoclínicas, o mecanismo é uma engenhosa proteção de crédito: em vez de depender apenas de uma promessa de pagamento, a companhia passa a ter um ativo real como potencial compensação.

Para Vorcaro, porém, é o oposto: um ponto de fragilidade. Seu banco se comprometeu a devolver o caixa aplicado pela empresa, mas qualquer descumprimento poderá custar um ativo bilionário e estratégico — em um setor que se valorizou mesmo sob juros altos.

Analistas do mercado financeiro veem a cláusula como uma forma de “collateralização cruzada”: um crédito financeiro lastreado em participação acionária. Em tese, legal e eficaz. Na prática, arriscado, sobretudo quando o devedor e o acionista são, de alguma forma, a mesma pessoa.

Próximos capítulos

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Por ora, tudo segue no papel. O Banco Master prometeu honrar o cronograma, e a Oncoclínicas informou que “segue confiante na execução do acordo”. Mas o mercado estará atento a cada parcela paga.

Caso o gatilho de vencimento antecipado seja acionado, a Oncoclínicas precisará aprovar, em assembleia, a aquisição indireta das ações detidas pelos fundos. A partir daí, o que hoje é um instrumento de proteção de crédito pode se tornar a porta de saída involuntária de Daniel Vorcaro da Oncoclínicas.

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