ASSINE VEJA NEGÓCIOS

Uber do futuro: Tesla lança táxi-robô e ações derretem

Veículo está previsto para ser comercializado em 2026 a um preço de US$ 30 mil, mas terá que enfrentar uma concorrência de pesos-pesados

Por Luana Zanobia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 out 2024, 20h13 - Publicado em 11 out 2024, 13h50

O futuro chegou? Se depender de Elon Musk, a resposta é um retumbante “sim”. O bilionário tem uma longa trajetória de promessas ambiciosas, e, segundo seus planos, o futuro dos carros totalmente autônomos para transporte de passageiros já deveria ter sido realidade em 2019. Contudo, como tantas vezes acontece, a realidade não acompanhou seus sonhos. Na última quinta-feira, Musk apresentou o protótipo de seu tão esperado táxi-robô em um evento nos estúdios da Warner Bros., na Califórnia, chamado “We, Robot” — uma clara referência ao clássico de Isaac Asimov, “Eu, Robô”.

Em 2019, Musk havia prometido que milhões de táxis-robôs estariam nas ruas até 2020. Porém, quatro anos depois, esse futuro finalmente deu as caras com o “Cybercab”, um veículo totalmente autônomo que gerou tanto entusiasmo quanto dúvidas sobre sua viabilidade prática. A resposta do mercado foi imediata: as ações da Tesla caíram mais de 6%, refletindo o ceticismo dos investidores.

O Cybercab foi concebido para operar como táxi-robô, sem a necessidade de intervenção humana, e promete revolucionar o transporte. Segundo Musk, o veículo começará a ser produzido em 2026, sem volante ou pedais, com um custo estimado de US$ 30 mil — um valor agressivamente competitivo, se for cumprido. Além disso, durante o evento, Musk apresentou outro veículo inovador: a Robovan, uma van elétrica projetada para transportar até 20 passageiros, expandindo a oferta de mobilidade autônoma da Tesla.

Apesar da grandiosidade das promessas, o evento deixou lacunas importantes. Não foi discutido como a Tesla pretende migrar da tecnologia de assistência avançada ao motorista para a plena autonomia veicular.

Atualmente, os modelos tradicionais da Tesla, como o Model S, Model 3, Model X  e Model Y, possuem recursos avançados de assistência ao motorista através do sistema Autopilot e do Full Self-Driving (FSD), e ainda são projetados para serem dirigidos por humanos, com volantes, pedais e outras funções de controle manual. Esses modelos operam sob um nível de autonomia parcial, onde o motorista ainda é necessário para supervisionar a condução. O Cybercab levará essa abordagem a um novo nível, eliminando completamente a necessidade de supervisão humana.

Continua após a publicidade

Além disso, temas cruciais como regulamentação e segurança não foram abordados, o que contribuiu para o pessimismo dos investidores.

Concorrência de peso

Apesar do design super futurístico, o Cybercab não é uma inovação propriamente dita, e terá que enfrentar concorrentes que já ganharam a confiança do público.  Um dos principais concorrentes é a Waymo, da Alphabet, que opera uma frota de cerca de 700 carros Jaguar Land Rover. A Waymo é, até o momento, a única empresa nos EUA a oferecer um serviço comercial de robôs-táxis não tripulados que cobram tarifas de passageiros. A empresa tem testado suas soluções em ambientes urbanos e conseguiu superar desafios regulatórios que ainda travam muitos concorrentes.

Continua após a publicidade

Outra gigante nesse setor é a Zoox, da Amazon, que está desenvolvendo veículos projetados exclusivamente para transporte autônomo e sem controles manuais. A Zoox tem investido pesado em uma abordagem de design que elimina completamente a necessidade de pedais ou volantes, algo que a Tesla ainda está por implementar.

A Cruise, subsidiária da General Motors, também é um nome de peso, usando o Chevrolet Bolt em seus testes. No entanto, a empresa recentemente suspendeu seus planos para desenvolver o veículo autônomo Origin, que também não teria pedais ou volante, o que pode dar à Tesla uma janela de oportunidade para avançar.

Uma diferença fundamental entre a Tesla e seus concorrentes é a tecnologia subjacente à autonomia de seus veículos. Enquanto empresas como Waymo e Zoox utilizam sensores lidar — que mapeiam o ambiente com alta precisão —, a Tesla opta por confiar em inteligência artificial e câmeras. Essa abordagem, que elimina o uso de lidar, é vista como um risco, pois a percepção visual tem limitações em certas condições climáticas e em ambientes urbanos complexos. Especialistas têm questionado a viabilidade técnica e regulatória dessa escolha, destacando os desafios que a Tesla enfrentará ao tentar garantir a segurança e a aprovação regulatória de seus veículos autônomos.

A empresa enfrentará rivais bem estabelecidos e com abordagens tecnológicas robustas, que já possuem experiência real no mercado de robôs-táxis. O sucesso da Tesla nesse setor dependerá não apenas da capacidade de desenvolver tecnologia autônoma competitiva, mas também de superar os complexos obstáculos regulatórios e operacionais que acompanham o desenvolvimento desse tipo de serviço.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas R$ 5,99/mês*
ECONOMIZE ATÉ 59% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Nesta semana do Consumidor, aproveite a promoção que preparamos pra você.
Receba a revista em casa a partir de 10,99.
a partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$35,88, equivalente a R$ 2,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.