Troca no Ministério de Minas e Energia e o recado de Bolsonaro a aliados
A gestão Bolsonaro é marcada por exonerações e demissões quando a sua vontade não é acatada

O presidente Jair Bolsonaro exonerou, a pedido, o ministro Bento Costa Lima Leite de Albuquerque do Ministério de Minas e Energia. A decisão aconteceu na madrugada desta quarta-feira, 11, horas depois de o diesel sofrer um novo reajuste, a contragosto de Bolsonaro que passou a criticar nos últimos dias a postura do ministro e do atual presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, diante da alta dos combustíveis.
Apesar das críticas, o reajuste foi cravado cinco dias após o pronunciamento furioso de Bolsonaro durante sua live semanal na última quinta-feira. O presidente devolveu o golpe, de forma bastante esperada pelo mercado. A gestão Bolsonaro é marcada por exonerações e demissões quando a sua vontade não é acatada, uma forma birrenta de dar recado aos seus “aliados”, e dessa vez não foi diferente. “Na impossibilidade de se contestar o CEO, que foi indicado a pouco tempo, o Executivo acreditou ser prudente afastar seu Interlocutor como forma de demonstrar a sua insatisfação com o aumento no diesel promovido esta semana”, diz Ilan Arbetman, analista de research da Ativa Investimentos.
Na última quinta-feira, durante sua live semanal, o presidente fez um apelo para que os dirigentes não aumentassem o preço dos combustíveis, criticando o lucro de 44,5 bilhões de reais reportado pela estatal, o qual Bolsonaro definiu como “estupro”. “Vocês não podem, ministro Bento Albuquerque e senhor José Mauro, da Petrobras, não podem aumentar o preço do diesel. Não estou apelando, estou fazendo uma constatação levando-se em conta o lucro abusivo que vocês têm”, disse. Quem assume agora a pasta é Adolfo Sachsida, que era assessor especial de Paulo Guedes. Sachsida é economista e sempre se mostrou favorável à manutenção da política de preços da estatal, mas terá enormes desafios pela frente.