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Trabalhadores da Mercedes entram em greve por reajuste e contra demissões

Paralisação ocorre na unidade de São Bernardo do Campo (SP); montadora e sindicato dos metalúrgicos negociam um novo acordo coletivo

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 14 Maio 2018, 21h00 - Publicado em 14 Maio 2018, 18h40

Os trabalhadores da fábrica da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo (SP) entraram em greve nesta segunda-feira. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a paralisação ocorre porque a empresa, além de não querer dar reajuste salarial na negociação deste ano, pretende demitir 340 pessoas da área administrativa, de um total de 8.000 funcionários.

O sindicato afirma também que a Mercedes-Benz quer acabar com algumas cláusulas acertadas no último acordo, como o tempo de estabilidade para trabalhadores que sofreram algum acidente e o complemento que eles recebem da empresa por quatro meses para que o auxílio-doença recebido pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) chegue ao mesmo valor do salário.

Os metalúrgicos defendem a manutenção desses pontos e a inclusão de uma cláusula de salvaguarda contra a reforma trabalhista, garantindo que qualquer alteração prevista na nova legislação só possa ser aplicada após negociação entre empresa e sindicato. Além disso, os trabalhadores querem que o cálculo da participação em lucros e resultados (PLR) leve em conta a exportação dos itens agregados, como motor, câmbio e eixos.

Os trabalhadores vão realizar uma nova reunião nesta terça-feira para decidir se continuam em greve ou não. Procurada, a Mercedes-Benz confirmou que mantém conversas com as lideranças sindicais, mas não quis dar detalhes enquanto as negociações ocorrem. Pela mesma razão, o sindicato não divulgou quais os valores em discussão para o reajuste salarial.

Crescimento

A paralisação ocorre em um momento em que o setor volta a crescer. A fábrica da Mercedes-Benz em São Bernardo é destinada à produção de caminhões e ônibus. Tais segmentos, respectivamente, apresentam crescimento de 54,9% e 81,7% no acumulado de janeiro a abril ante igual intervalo do ano passado, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

A fábrica da Mercedes, que com a crise passou a produzir em somente em um turno, deve voltar aos dois turnos no segundo semestre deste ano, conforme tem dito em entrevistas o presidente da empresa no Brasil, Philipp Schiemer. A unidade, que tem capacidade de produzir 80 mil veículos por ano, tem operado no limite de apenas um turno.

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