Taxa de desemprego fica estável em 8,5% em abril, mas ocupação recua
Número de pessoas efetivamente trabalhando é de 98 milhões, queda de 0,6% na comparação com o trimestre encerrado em janeiro
A taxa de desemprego ficou em 8,5% no trimestre encerrado em abril, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta quarta-feira, 31, pelo IBGE. O percentual é ligeiramente superior ao do trimestre encerrado em janeiro (8,4%) e menor que o estimado pelo mercado, que esperava uma aceleração da taxa de 8,8%. O número de pessoas sem emprego no país é de 9,1 milhões.
O dado de desocupação do trimestre encerrado em abril representa a menor taxa para o período desde 2015, quando ficou em 8,1%. Já em comparação com o mesmo período de 2022, a taxa de desocupação caiu 2 p.p. “Essa estabilidade (em relação ao trimestre encerrado em janeiro) é diferente do que costumamos ver para este período. O padrão sazonal do trimestre móvel fevereiro-março-abril é de aumento da taxa de desocupação, por meio de uma maior população desocupada, o que não ocorreu desta vez”, explica Alessandra Brito, analista da pesquisa.
Apesar de os dados serem melhores que o esperado para a taxa de desemprego, o número de pessoas ocupadas, de 98 milhões, recuou 0,6% (ou menos 605 mil pessoas) na comparação com os resultados do tri terminado em janeiro. O número de pessoas ocupadas representa quem efetivamente está trabalhando. Já a desocupação pega quem não está trabalhando mas está efetivamente buscando uma recolocação ou a entrada no mercado de trabalho. Por isso, é possível que uma taxa fique estável ou caia quando a outra aumenta.
Com isso, a taxa de participação segue em trajetória de queda, saindo de 61,6% para 61,4% na passagem de março para abril. “Muitas pessoas consideradas aptas a trabalhar não estão procurando emprego e, por isso, não são consideradas desempregadas. Um possível incentivo para esse movimento são os estímulos de transferência de renda por parte do governo, com contornos de renda permanente”, analisa relatório do Banco Original.
A queda na população ocupada foi puxada pelos resultados nos grupamentos de atividades de serviços domésticos, que registrou retração de 3,3% (ou menos 196 mil pessoas), além dos setores de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (queda de 2,4% ou 204 mil pessoas) e comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (diminuição de 1,4%, ou 265 mil pessoas). “Essa redução faz parte da tendência sazonal observada na série histórica. Quando se compara abril com janeiro, essa redução tem ocorrido, exceto pelo período da pandemia”, lembra Brito.
Já a população fora da força de trabalho ficou em 67,2 milhões de pessoas, um aumento de 1,3% na comparação trimestral, ou mais 885 mil pessoas. Na comparação anual, o crescimento foi de 3,5%, ou mais 2,3 milhões de pessoas.
Os resultados da PNAD Contínua para abril também mostraram que o número de empregados sem carteira assinada no setor privado recuou 2,9% em relação ao trimestre terminado em janeiro, ficando em 12,7 milhões. Também o contingente de trabalhadores domésticos recuou: diminuiu 3,2% e chegou a 5,7 milhões de pessoas. Os contingentes de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (36,8 milhões), de trabalhadores por conta própria (25,2 milhões) e de empregados no setor público (12 milhões) ficaram estáveis em abril.
A taxa de informalidade foi estimada em 38,9% da população ocupada, o que significava 38 milhões de trabalhadores informais em abril. No trimestre anterior, a taxa era de 39%, enquanto em abril de 2022, de 40,1%.
Renda
O rendimento real habitual ficou em 2.891 reais, estabilidade em relação ao trimestre encerrado em janeiro, mas com crescimento de 7,5% na comparação anual. A massa de rendimento real habitual, de 278,8 bilhões de reais, também demonstrou estabilidade na comparação entre trimestres, com crescimento de 9,6% no confronto com abril de 2022.