Tarcísio critica contrato da Enel e defende nova modelagem para concessão em SP
Governador diz que Estado não deve aceitar prorrogação do atual contrato da distribuidora de energia

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta segunda-feira, 18, que o contrato da Enel, responsável pela distribuição de energia elétrica na região metropolitana, não pode ser prorrogado nas condições atuais. A declaração ocorreu durante sua participação no Fórum VEJA Infraestrutura, realizado no W Hotel, na capital paulista.
Segundo o governador, o modelo em vigor é “ruim e muito antigo” e desestimula investimentos necessários para melhorar a qualidade do serviço prestado à população. “A empresa não faz CAPEX, não faz OPEX, porque aquilo não vai ser reconhecido na tarifa. E, como não é reconhecido na tarifa, não gera receita, a empresa não investe”, criticou.
A Enel é alvo recorrente de queixas de consumidores e autoridades locais em razão de sucessivos apagões e da demora na recomposição do fornecimento após temporais. Em novembro do ano passado, milhares de moradores da capital e da Grande São Paulo ficaram sem energia por até uma semana depois de fortes chuvas, episódio que acentuou a pressão sobre a companhia e reacendeu o debate sobre sua permanência à frente da concessão.
Tarcísio foi enfático ao defender que, se fosse o poder concedente, não prorrogaria o contrato. “Separaria essa concessão, que é muito grande, em pelo menos duas. E estabeleceria um contrato que amarrasse, de fato, os investimentos, as obrigações, e como isso vai ser cobrado ao longo do tempo. São Paulo não pode aceitar que esse contrato seja prorrogado do jeito que está”, disse.
A fala ocorre em um momento de maior escrutínio regulatório sobre as distribuidoras de energia no país. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) discute novas regras para concessões que vencem nos próximos anos, inclusive com a possibilidade de relicitação em casos de descumprimento de obrigações contratuais. No caso da Enel São Paulo, o contrato atual vai até 2028. Tarcísio reforçou o argumento de que contratos de concessão precisam ser repensados para atender às novas demandas climáticas e urbanas. “A velocidade de recomposição da rede está intimamente ligada ao nível de automação. E aí eu estou falando de investimento. Falta gente, falta automação, falta preparo. O contrato atual não garante isso”, pontuou.