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Sustentabilidade no agro: empresa recicla embalagens de defensivos agrícolas

Criado pela Inpev, o Sistema Campo Limpo faz com que 100% das embalagens recebidas tenham destino ambientalmente correto

Por Leticia Yamakami 13 dez 2024, 19h19

O Brasil é o país que mais usa defensivos agrícolas no mundo, de acordo com um levantamento realizado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês). Dados coletados em 2021 apontam que o país utilizou 719,5 mil toneladas de agrotóxicos durante 12 meses — 10,9kg por hectare de lavoura —, enquanto a China, que tem quase sete vezes mais habitantes, aplicou 244 mil toneladas no mesmo período. Já os EUA, segundo colocado no ranking, aplicaram 457 mil toneladas. O cenário não teve grandes modificações em 2024.

Além dos altos riscos de intoxicação por esse tipo de produto, os defensivos agrícolas são produzidos em embalagens de polietileno de alta densidade, que forma plásticos muito demorados para serem degradados pela natureza. O descarte desses recipientes sem a lavagem adequada também pode prejudicar o ambiente em que eles são colocados, atingindo o lençol freático. Pensando nisso, o Sistema Campo Limpo foi desenvolvido pelo Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev) em 2008, a fim de garantir o destino ambientalmente correto desses insumos.

O projeto de economia circular envolve quatro partes que constituem o processo da logística reversa das embalagens. As indústrias fabricantes dos agrotóxicos, os canais de distribuição do produto, os agricultores — responsáveis por efetuar a tríplice lavagem da embalagem e deixá-las na fábrica em Taubaté (SP) da Campo Limpo ou de parceiros recicladores — e o poder público, que possui o papel de fiscalizar o cumprimento das devidas tarefas de cada campo.

Segundo Marcelo Okamura, presidente da Campo Limpo e da Inpev, 800 mil toneladas de embalagens de defensivos agrícolas foram recebidas na fábrica em 16 anos e 100% delas tiveram o destino ambientalmente correto, iniciativa garantida através de Qr codes de rastreamento e fiscalização de cada um dos recipientes. Dessa porcentagem, 97% foram recicladas e 3% foram incineradas, mas o objetivo da companhia para o próximo ano é deixar totalmente de usar o fogo para descartá-las, a fim de diminuir a emissão de gás carbônico. Cada 100 embalagens produzidas equivalem a uma árvore plantada, então, ao todo, ela já plantou o que significariam 750 mil árvores.

“Redução da emissão de gases é outro trunfo. Produtos mais eficientes e sustentáveis, planejados dessa forma desde o início, ajudam a reduzir o consumo de energia e recursos”, afirma o diretor de operações da empresa, Rogério Fernandes. Em uma visita guiada em que VEJA esteve presente, Fernandes explica que são produzidos dois tipos de materiais ambientalmente corretos a partir do plástico recebido, cuja matéra-prima é a resina pós-consumo (RPC): a Ecoplástica, uma espécie de galão, e a Ecocap, uma tampa de aproximadamente 10cm de diâmetro. Até outubro deste ano, mais de 13 milhões de Ecoplásticas e 50 milhões de Ecocaps foram comercializadas, gerando 66,83 milhões de reais de lucro para a companhia.

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Junto ao otimismo financeiro, o programa de logística reversa gera mais de 1500 empregos com relação ao processo da reciclagem, evita 1,05 milhão de toneladas de CO2 equivalente, economiza 46,8 gigajaules de energia, preserva recursos naturais e diminui a procura por matérias-primas virgens e poluentes. Além disso, a Campo Limpo desenvolveu um projeto de Educação Ambiental com o objetivo de educar professores da rede pública e privada para que, em seguida, repassem os ensinamentos sobre reciclagem e preservação do ambiente para seus alunos. Mais de 2,5 milhões de crianças participam da iniciativa, informa a empresa.

O movimento fomentado pelo Inpev e efetuado pela Campo Limpo faz do Brasil um dos maiores mercados de embalagens recicláveis no globo.  Esse sistema, que minimiza o desperdício ao mesmo tempo em que gera eficiência econômica, é um dos exemplos de práticas sustentáveis que podem diminuir o impacto ambiental negativo resultante do agronegócio. “O mundo não consegue mais armazenar lixo. A reciclagem é o futuro”, reforça Marcelo Okamura.

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