Sonho da casa própria e juros altos impulsionam venda digital de consórcios
Com alta de 30% no faturamento, a fintech Mycon espera dobrar a receita até o fim do ano, atraindo consumidores que se planejam para fugir dos juros altos
Com venda de consórcios totalmente digital e em até três minutos, a fintech Mycon está crescendo em ritmo mais acelerado do que a média do setor de consórcios. Pioneira no mercado de consórcios digitais, as empresa, que faz parte do Grupo Coimex, anunciou crescimento de 30% no primeiro semestre em comparação com o mesmo período do ano passado. No mesmo tempo, o mercado de consórcios cresceu cerca de 20%.
Um levantamento feito entre os clientes da empresa mostra que 72% das pessoas que possuem um consórcio de imóveis, têm entre 24 e 48 anos. Já clientes até 38 anos, representam 40% da base total de clientes com consórcio de imóveis. Ainda de acordo com o levantamento da fintech, 71% dos clientes se declararam homens e 26% mulheres. O consórcio de imóvel representa a maioria das vendas. “Em torno de um pouco mais de 40% são consorciados de imóvel. É um ticket médio mais alto: 70% em valor é imóvel. E os outros 30% estão divididos ali entre carro e motos”, diz Francis Silva, CFO da empresa.
Segundo os executivos, grande parte dos clientes que procura a empresa (quase 50%) busca adquirir bens, especialmente imóveis. Mas muitos começam com consórcios para comprar motos ou carros antes de avançar para a compra da primeira casa. Aproximadamente 60% dos clientes são casados e 64% têm dependentes, refletindo um perfil mais familiar. Por volta de 10% dos clientes têm mais de uma cota de consórcio.
Para o segundo semestre, os executivos esperam crescer ainda mais rápido e dobrar a receita. “A expectativa é realmente conseguir dobrar agora para essa segunda metade do ano”, diz Silva. O ciclo de alta da Selic, segundo eles, pode impulsionar ainda mais as vendas já que os juros altos tornam financiamentos mais caros para os consumidores. Neste cenário, o consórcio se destaca pelo custo mais baixo em comparação aos empréstimos, ainda que tenha um tempo maior até a contemplação.
“A pessoa que vai para o empréstimo vai pagar mais caro porque vai pagar uma taxa atrelada à Selic que é em torno de 10% ao ano. Já no consórcio, a pessoa precisa ser mais planejada, porque quando ela entra no consórcio tem um tempo ali para ela ser contemplada A pessoa aceita essa questão ali do tempo, mas ela entra num custo muito menor”, diz Silva.
Neste cenário de alta da Selic, os executivos também notam o crescimento do consórcio como alternativa de investimento. “A estratégia que as pessoas usam aqui com uma certa recorrência é comprar várias cotas de consórcio e, à medida que essas consórcios estão sendo contemplados, a pessoa compra um imóvel para aluguel. O próprio valor do aluguel, serve para pagar a tarifa, a parcela mensal”, diz Bruno Borges, CMO do Mycon.