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Senado aprova Projeto de Reciprocidade Econômica em resposta a tarifaço de Trump

Projeto de lei 2088/2023 autoriza Camex a retaliar países ou blocos que dificultem as exportações brasileiras

Por Márcio Juliboni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 1 abr 2025, 11h24 - Publicado em 1 abr 2025, 09h06

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado  aprovou por unanimidade o  Projeto de Lei 2088/2023, batizado de Lei da Reciprocidade Econômica. Trata-se de uma resposta do Legislativo às medidas protecionistas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, às importações de parceiros comerciais como o Brasil.

O texto original é de autoria do senador Zequinha Marinho (Podemos-PA) e foi relatado pela senadora Tereza Cristina (PP-MS). Inicialmente, o PL 2088/23 permitia que o governo adotasse políticas de reciprocidade apenas contra países que criassem barreiras aos produtos brasileiros por motivos ambientais. Para tanto, alterava a Política Nacional sobre Mudança do Clima para impedir que nações com altos índices de emissão de gases poluentes exportassem suas mercadorias para o Brasil.

Tereza Cristina, contudo, apresentou um substitutivo ampliando o teor do projeto para a reciprocidade comercial em todos os aspectos, atribuindo à Câmara de Comércio Exterior (Camex) o poder de impor as medidas pertinentes contra países que restrinjam a entrada de produtos brasileiros por quaisquer meios, como sobretaxas ou barreiras não-alfandegárias.

O substitutivo foi proposta pela senadora durante a tramitação do PL 2088/23 na Comissão de Meio Ambiente da Casa, onde ela também relatou a matéria. Na ocasião, justificou a mudança, afirmando que “o objetivo não é punir o parceiro comercial, mas resolver o problema da melhor forma possível, garantindo o acesso dos produtos brasileiros ao exterior”.

Na versão que será votada pela CAE hoje, a Camex fica autorizada a suspender “concessões comerciais, de investimentos e de obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual (…) em resposta a ações, políticas ou práticas unilaterais de país ou bloco econômico que impactem negativamente a competitividade internacional brasileira”.

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Segundo o texto, a Camex poderá adotar retaliações contra países ou blocos de países que:

I – interfiram nas escolhas legítimas e soberanas do Brasil, procurando impedir ou obter a cessação, modificação ou adoção de um ato específico ou de práticas no Brasil, por meio da aplicação ou da ameaça de aplicação unilateral de medidas comerciais, financeiras ou de investimentos;

II – violem ou sejam inconsistentes com as disposições de acordos comerciais, ou, de outra forma, neguem, anulem ou prejudiquem benefícios ao Brasil sob qualquer acordo comercial;

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III – configurem medidas unilaterais com base em requisitos ambientais que sejam mais onerosos do que os parâmetros, normas e padrões de proteção ambiental adotados pelo Brasil.

A ampliação do escopo do Projeto de Lei de Reciprocidade Econômica ocorre em meio ao crescente protecionismo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que acusa o Brasil e outros parceiros comerciais de prejudicar os americanos. Desde que foi empossado para seu segundo mandato em 20 de janeiro, o republicano já impôs sobretaxas de 25% às importações de aço e alumínio, incluindo as brasileiras. O Brasil também é citado frequentemente pela Casa Branca como um dos que mais restringiriam a entrada de produtos americanos.

Por ora, a postura do governo é de cautela e busca de negociação. Um dos objetivos é convencer Washington de abandonar a sobretaxa ao aço, em troca do retorno do sistema de cotas de importação. A solução proposta é semelhante à adotada por Trump em 2018, quando exercia seu primeiro mandato.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não descarta, contudo, recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar as tarifas americanas sobre mercadorias brasileiras. Lula acrescentou, em declarações recentes, que, caso a OMC não resolva a questão, recorrerá ao princípio da reciprocidade para impor sanções comerciais aos americanos.

Veja a íntegra do substitutivo do Projeto de Lei 2088/2023, que estabelece a reciprocidade econômica e que será votado pela CAE do Senado nesta terça-feira 01:

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