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Saúde mais barata

A fusão da maior rede de farmácias americana com empresa de planos de saúde tem potencial para derrubar custos ao consumidor

Por Flávio Ismerim
Atualizado em 30 jul 2020, 20h06 - Publicado em 19 out 2018, 07h00

Stanley e Sidney Goldstein mal reconheceriam sua criação. Em 1963, os irmãos abriram uma pequena drogaria na cidade de Lowell, no Estado americano de Massachusetts, com a ideia de oferecer os melhores preços do mercado. Para deixarem claras as suas intenções, puseram a criatividade de lado e batizaram o comércio de Loja do Valor para o Consumidor — CVS, na sigla em inglês. Pois na quarta-feira 10 o governo americano aprovou uma fusão de 69 bilhões de dólares entre a CVS, hoje a maior rede de drogarias dos Estados Unidos, com quase 10 000 lojas, e a Aetna, operadora de planos de saúde com 44 milhões de clientes, numa operação que pode mudar a indústria. “O setor está precisando de inovação para baixar os custos, e a quantidade de informação e pontos de contato que a CVS vai fornecer à Aetna abre inúmeras possibilidades”, diz Leemore Dafny, da Universidade Harvard.

Os Estados Unidos são o único país rico que não garante atendimento médico a toda a população. Para piorar, são também a nação onde a saúde é mais cara: são gastos 17% do PIB ao ano no setor, contra uma média de 9% dos países da OCDE (a mesma taxa do Brasil). Convencidos de que a fusão pode atacar esse problema, os EUA aprovaram a operação. A ideia principal é que o plano de saúde pode usar a penetração da CVS para oferecer serviços médicos de baixa complexidade, economizando muito dinheiro se as pessoas forem tratar uma dor de garganta na farmácia, em vez de recorrer a um hospital, ou mesmo casos de diabetes e problemas cardíacos que requerem só acompanhamento. As drogarias também têm acesso a informações que os médicos e os planos normalmente não possuem, como as relativas à compra de remédios que não precisam de prescrição médica, o que pode facilitar diagnósticos mais precoces e evitar futuras (e caras) internações. No Brasil, o caso mais próximo é o da Amil, que investe pesado em hospitais próprios. Mas o mercado está de olho na experiência americana. “Não existe um compartilhamento de informações entre os diversos elos da cadeia de saúde aqui, e isso traz muita ineficiência”, diz Eliane Kihara, sócia da PwC Brasil.

A concorrência, evidentemente, está se mexendo. A segunda maior rede de drogarias, a Walgreens, associou-se ao grupo de laboratórios clínicos LabCorp. A Rite Aid, também do ramo de farmácias, tentou se fundir com os supermercados Albertsons. Mas todas as atenções estão voltadas ao gigante de tecnologia Amazon, que pôs o pé no setor ao comprar a PillPack, um serviço de entregas em domicílio de remédios com tarjas vermelha e preta. A aquisição veio na esteira do anúncio, em janeiro, de que o fundador da companhia, Jeff Bezos, se aliou a Jamie Dimon, presidente do banco JPMorgan Chase, e ao megainvestidor Warren Buffett a fim de criar um plano de saúde próprio para atender os empregados de suas empresas. Com o tino comercial dos três executivos envolvidos, a expectativa geral é que o atendimento aos próprios funcionários seja apenas a primeira etapa de um novo e inovador plano de saúde acessível a todos os americanos. Para a população, o importante é que se honre a promessa dos irmãos Goldstein: o melhor valor para os consumidores.

Publicado em VEJA de 24 de outubro de 2018, edição nº 2605

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