Sanções impossibilitam que Brasil importe fertilizante russo, diz ministra
Segundo Tereza Cristina, transporte e pagamento estão 'inviáveis'; Brasil só tem estoque até outubro

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, alertou que o Brasil não vai conseguir manter o fluxo comercial de adubos e fertilizantes com a Rússia e Belarus, grandes exportadores dos produtos de extrema importância para o país, enquanto durar a guerra. Devido às sanções impostas pelo Ocidente, a ministra diz que o transporte e o pagamento estão “inviáveis”.
O Brasil importa cerca de 62% dos adubos e fertilizantes da Rússia, podendo chegar a 80% com Belarus e outros países, uma quantidade expressiva e que demonstra uma grande dependência do país com o Leste Europeu. Esse inclusive teria sido um dos motivos da viagem considerada “inapropriada” do presidente Jair Bolsonaro para a Rússia em fevereiro, em meio aos crescentes rumores de uma ofensiva militar russa ao território ucraniano. Segundo a ministra, o Brasil tem estoque de adubos e fertilizantes até o segundo semestre do ano, podendo ficar em falta em meados de outubro. “Um país que é dependente pode sofrer sérias consequências”, disse a ministra ao comentar sobre os impactos para o preço dos alimentos durante a live semanal do presidente Jair Bolsonaro nesta quinta-feira, 3.
O Brasil corre agora contra o tempo para tentar contornar o problema. A ministra confirmou o lançamento do Plano Nacional de Fertilizantes até o dia 17 deste mês para ampliar a produção do insumo no país. “Esse plano está pronto, não foi por causa desta crise. Isso nós pensamos lá atrás. O Brasil, como uma potência agro, não poderia ficar nessa dependência do resto do mundo”, disse a ministra.
O plano deve vir acompanhado de propostas legislativas para facilitar a produção de fertilizantes. Bolsonaro aproveitou o momento para defender a aprovação do Projeto de Lei 191/20, que regulamenta a exploração de recursos minerais, hídricos e orgânicos em reservas indígenas.