Rombo da Americanas interrompe rali do Ibovespa com 1ª queda em 7 dias
Ibovespa oscilou bastante, entre altas e baixas, mas acabou encerrando o pregão em queda, impactado pela varejista

O rombo contábil revelado na varejista Americanas parece ter amargado de vez mesmo o otimismo do Ibovespa. Depois de encerrar seis pregões consecutivos em alta, descolado dos eventos políticos e riscos locais que tomaram conta da semana, o índice encerrou em queda de 0,59%, aos 111.850 pontos nesta quinta-feira, 12.
A divulgação de “inconsistência financeiras”, da ordem de 20 bilhões de reais, derrubaram o valor das ações da Americanas. Os papéis desvalorizaram mais de 75% após e estão sendo negociado em leilão para evitar maiores oscilações no preço. “O Ibovespa oscilou bastante hoje entre perdas e ganhos. Um dos fatores principais que impacta o índice hoje é a questão da Lojas Americanas, que traz muita instabilidade para a bolsa e respinga em outras empresas do varejo”, diz Rodrigo Cohen, analista e co-fundador da Escola de Investimentos, empresa de educação financeira.
O impacto da Americanas também derrubou outras varejistas, como a Via Varejo. “Americanas leva todas as varejistas juntas para a queda. Nesse cenário, bancos também são impactados em virtude da alavancagem das Americanas”, avalia Cohen.
O mercado também operou com maior cautela na espera da divulgação do pacote de medidas econômicas, apresentado pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Segundo Alexsandro Nishimura, economista e sócio da BRA BS, após recuperar as perdas do início do dia, o Ibovespa começou a perder força conforme se aproximava o anúncio das primeiras medidas econômicas. “A partir de então, as perdas do Ibovespa se aprofundaram, assim como dólar e juros se afastaram das mínimas do dia, conforme houve leituras de um certo irrealismo do governo ao aventar até mesmo superávit primário neste ano, através de um ajuste focado na receita”.
As primeiras medidas se concentram em sanar o estoque de processos administrativos no Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf), com a elaboração de programas que facilitem o contribuinte sanar os débitos devidos à União e a retomada do voto de desempate a favor da União em conflitos tributários. O pacote contempla reestimativa de receitas, ações de receitas permanentes e de receita extraordinária e redução de despesas, com potencial de ajuste de cerca de 243 bilhões de reais em 2023. “O pacote veio com foco na arrecadação, como o esperado, mas não mudou muito o humor do investidor, impactado principalmente pela grande queda das ações da Americanas”, diz Marcelo Boragini, sócio da Davos Investimentos e especialista em renda variável.