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Retomada de fábrica de fertilizantes da Petrobras não empolga investidores

Companhia quer voltar a atuar no setor e anunciou retomada de construção de unidade no Mato Grosso, que foi paralisada em 2015

Por Juliana Elias 28 out 2024, 14h28

A notícia, anunciada pela Petrobras na sexta-feira, 25, à noite, de que a estatal irá retomar a construção de um fábrica de fertilizantes paralisada desde 2015 em Três Lagoas, no Mato Grosso, não surpreendeu, mas também não entusiasmou os analistas de mercado que acompanham os negócios da empresa. A visão geral é de que os potenciais de retorno desse segmento são menos atrativos do que o da exploração e produção de petróleo, negócio principal da companhia, embora conta a favor do projeto o fato de que a planta já está parcialmente construída e demandará investimentos relativamente baixos para ser concluída agora.

“A decisão de retomar o projeto é controversa devido aos seus retornos mais baixos em relação ao portfólio de exploração e produção da Petrobras, bem como ao seu histórico de má execução”, escreveu a XP em relatório a clientes. “Mesmo que o projeto tenha um valor presente líquido (VPL) positivo, investir em fertilizantes não é o melhor uso do foco e dos recursos da Petrobras.”

A companhia anunciou, em um comunicado após o fechamento do mercado na sexta-feira, que seu Conselho de Administração aprovou a retomada na construção da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN-III) e a inclusão do projeto em seu plano de investimentos vigente, o Plano Estratégico 2025-2028. As obras da planta estão paradas desde 2015, quando a Petrobras rescindiu o contrato com o consórcio responsável pela construção, formado pela chinesa Sinopec e a brasileira Galvão Engenharia, alegando mau desempenho e atrasos no pagamento de funcionários e fornecedores.

A planta já estava 80% construída. De acordo com a Petrobras, o investimento para concluir o restante agora será de 3,5 bilhões de reais e a operação está prevista para começar em 2028. O projeto da UFN III prevê a produção anual de cerca de 1,2 milhão de toneladas de ureia e 70 mil de toneladas de amônia, voltados a abastecer os estados da região – Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná e São Paulo -, que estão também entre os maiores consumidores de fertilizantes do país.

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Em 2017, como parte de um amplo plano de desinvestimentos e concentração dos negócios essencialmente na produção de petróleo, a Petrobras decidiu sair do setor de fertilizantes e tentou vender suas plantas, mas sem sucesso. Em 2023, já sob o governo Lula, a companhia voltou a avaliar o produto em seu portfólio.

De acordo com a Petrobras, a decisão de retomar a planta de Três Lagoas passou por “criteriosa reavaliação” e é lucrativa e economicamente viável. “A decisão é fundamentada em criteriosa reavaliação do projeto, que teve sua atratividade econômica confirmada para essa fase nos diferentes cenários previstos na sistemática de aprovação de projetos de investimento da Petrobras, inclusive com VPL positivo no cenário mais desafiador”, disse a companhia em seu comunicado. “O processo de reavaliação do projeto começou ano passado, em função da aprovação do retorno da companhia ao segmento de fertilizantes”, acrescentou.

“Embora os investires prefiram que a companhia foque em outras alocações de capital em vez dos investimentos em fertilizantes, a decisão já era de certa maneira esperada desde que a Petrobras revisou sua estratégia no ano passado para incluir o reposicionamento no segmento”, disse o Itaú BBA em relatório. Por volta das 14h, as ações preferenciais da Petrobras (PETR4) caíam 0,4%, cotada a 36 reais, enquanto o Ibovespa, subia 1%, a 131 mil pontos.

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