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Redução do emprego tirou plano de saúde de 3 milhões de pessoas

Outro fator que pesou na exclusão dos usuários foi o reajuste galopante das mensalidades: aumento médio anual de 13,5%, muito acima da inflação

Por Da redação
Atualizado em 25 abr 2018, 07h28 - Publicado em 25 abr 2018, 07h28

O número de usuários do sistema privado de saúde atingiu seu ápice em 2014, com 50 milhões de pessoas. Esse total vinha em linha crescente até então. De lá para cá, entretanto, 3 milhões de pessoas perderam seus planos de saúde.

Esse movimento coincide com a recessão que atingiu o país, tirando o emprego de milhares de brasileiros. Quase 70% dos planos de saúde vigentes no país são empresariais, ou seja, são oferecidos pelo empregador ao funcionário.

“Nosso mercado sempre foi pautado pelos planos empresariais. Pesquisas mostram que um dos fatores de retenção do funcionário é o plano de saúde. Com o desemprego maior, é natural que caia o número de beneficiários”, afirma Rodrigo Aguiar, diretor de desenvolvimento setorial da ANS.

Hoje, grande parte dos planos empresariais cobram coparticipação do usuário – porcentual sobre consultas e exames. Para Aguiar, as empresas adotaram esse tipo de plano para diluir o peso com o aumento de custo do plano de saúde e dividir com o funcionário uma parte das despesas.

Outro fator que pesou na exclusão dos usuários do sistema de saúde suplementar foi o reajuste galopante das mensalidades. Nos últimos dois anos, o aumento médio anual foi de 13,5%, muito acima da inflação.

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Aguiar diz que não dá para comparar a inflação com o índice de reajuste dos planos de saúde, mas admite que os aumentos foram elevados. “A inflação é medida ao final do ano e o reajuste da ANS sai em maio. Outra diferença é que a inflação reflete o reajuste de preços, enquanto a ANS mede a utilização. Tem mais a ver com frequência de utilização do que com a variação efetiva”, afirma o diretor da ANS.

Para reduzir o custo com plano de saúde e permitir a inserção de mais pessoas no sistema, a ANS está finalizando a regulamentação de produtos com franquia e novo modelo de coparticipação. Os dois sistemas já estão previstos desde 1998, mas a franquia é utilizada por apenas 1% dos usuários da rede suplementar de saúde.

Na franquia, o segurado paga a mensalidade e as despesas médicas até determinado limite. Acima do valor da franquia, quem arca com os gastos é o plano de saúde. O argumento da ANS é que esse modelo será mais barato porque haverá o uso mais racional do sistema.

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“Objetivo é parar de desperdiçar recursos com utilização indevida, repetitiva, redundante. Hoje, 30% dos exames realizados não são retirados. A pessoa vai ao médico, faz um checkup e uma bateria de exames. Dali a seis meses, vai a outro médico, que pede os mesmos exames que ela fez e não retirou antes”, afirma o diretor da ANS.

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) ataca o entendimento de que o consumidor usa mal o convênio médico. “A esmagadora maioria das vezes em que uma pessoa procura um serviço de saúde é porque ela precisa. Até porque no mercado de saúde a oferta é indutora da demanda. Ou seja, não é o consumidor que escolhe o que vai consumir no mercado de saúde. É sempre um intermediário (um médico, um profissional da saúde) que recomenda ou prescreve o produto.”

Para o Idec, a necessidade de economizar com exames e consultas pode trazer riscos à saúde do consumidor. “Quando há limitação, torna mais custoso ou condiciona as ações de prevenção, você retarda o diagnóstico precoce, porque as pessoas passam a procurar o sistema já doentes, o que vai contra a própria lógica da saúde, sair do paradigma da saúde como ausência de doença.”

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