Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

Recuo estratégico

A GM acompanha a tendência do setor e fechará sete fábricas para dedicar-se à produção de utilitários e ao desenvolvimento de modelos elétricos e autônomos

Por Flávio Ismerim
Atualizado em 4 jun 2024, 16h14 - Publicado em 30 nov 2018, 07h00

A empresa americana General Motors (GM), dona de marcas tradicionais como Chevrolet e Cadillac, pôs o pé no freio. O gigante do setor automotivo anunciou que vai fechar em 2019 sete fábricas — quatro nos Estados Unidos, uma no Canadá e duas ao redor do mundo —, o que pode levar à demissão de 14 800 funcionários. A maior reestruturação da GM desde que foi socorrida pelo governo americano na crise de 2008 vem acompanhada da promessa de redução — e até encerramento — da produção de alguns modelos. Seguindo uma tendência mundial, a montadora vai focar utilitários esportivos, como SUVs e picapes, em vez de sedãs, e promete dobrar os investimentos para o desenvolvimento de carros elétricos e autônomos. O Brasil não será afetado num primeiro momento.

O movimento da GM bate de frente com a promessa de fortalecimento da indústria americana feita pelo presidente Donald Trump, que tem travado uma guerra verbal e tributária para impedir que empresas dos Estados Unidos escolham produzir em outros países. “Eles estão brincando com a pessoa errada”, disse o republicano, para quem a montadora, em vez de fechar fábricas nos EUA, deveria parar de produzir na China, o maior mercado automotivo do mundo, e abrir uma nova fábrica em Ohio, celeiro eleitoral de Trump e um dos principais estados afetados pelo corte. Ele ainda ameaçou retirar subsídios para a venda de veículos elétricos. No Canadá, o primeiro-ministro Justin Trudeau adotou um tom menos belicoso.

A presidente executiva da GM, Mary Barra, declarou que os cortes devem gerar uma economia de 6 bilhões de dólares até o fim de 2019 e que prefere fazê-los enquanto a companhia está no lucro e a economia americana cresce. A estratégia, portanto, é antecipar-se a uma recessão que deve bater à porta nos próximos anos. Além disso, a GM tem sido afetada pelo encarecimento do aço e do alumínio, um efeito colateral indesejado do protecionismo e da guerra comercial promovida pelo próprio presidente Trump. A intenção da montadora é cortar processos burocráticos e tornar-se mais flexível para investir em novas tecnologias, a fim de atender às necessidades de mercado. Saem de cena na América do Norte modelos sedãs e compactos como Chevrolet Cruze, Impala, Volt e LaCrosse, a exemplo de decisões tomadas por concorrentes. A Ford divulgara em abril que pararia de produzir o Taurus e o Fiesta na América do Norte e que priorizaria o crossover Focus Active e o esportivo Mustang. A Fiat Chrysler já havia anunciado o encerramento da produção de sedãs e reforçou a produção de carros maiores, como o Alfa Romeo Stelvio e os novos Jeeps.

“Os veículos elétricos demandam muito menos gente na sua produção do que os veículos a combustão. Cada vez mais postos de trabalho vão ser fechados”, diz o engenheiro Roberto Bortolussi, professor do Centro Universitário FEI. Segundo ele, as decisões da GM são uma consequência já esperada do processo de inovação no setor. A GM de outrora, gigantesca e, por vezes, burocrática, desacelera para dedicar-se à corrida do futuro, independentemente do cenário: seja uma recessão na economia mais forte do mundo, seja uma virada ainda mais acentuada do mercado em direção à indústria 4.0, da robotização e dos carros elétricos e autônomos.

Publicado em VEJA de 5 de dezembro de 2018, edição nº 2611

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.