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Reajuste na tabela do frete custará R$ 1 bi ao comércio

Diante da atividade econômica fraca, os comerciantes não terão espaço para repassar o custo com transportes aos preços das mercadorias vendidas

Por Estadão Conteúdo
18 set 2018, 09h09

O reajuste médio de 5,5% na tabela do frete anunciado há duas semanas vai custar 1,09 bilhão de reais ao comércio brasileiro até o fim deste ano, segundo cálculo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

O resultado deve ser um achatamento da margem de lucro dos negócios. Diante do cenário de atividade econômica fraca, os comerciantes não terão espaço para repassar a elevação do custo com transportes aos preços das mercadorias vendidas aos consumidores, avaliou Fabio Bentes, chefe da Divisão Econômica da CNC.

“A grande consequência é o sacrifício da margem, investimentos mais fracos e menos contratações de funcionários”, diz Bentes. “Alguns comerciantes vão acabar repassando para os preços, mas outros não vão conseguir e vão ter que sacrificar margem. Isso vai afetar a recuperação, a abertura de lojas e a geração de vagas. Tudo fica mais lento com esse gatilho de custo do comércio.”

Os gastos com serviços de frete representam 10,5% das despesas anuais do comércio, mas em alguns segmentos a logística supera 20% dos custos totais do negócio. As atividades mais penalizadas serão as atacadistas de matérias-primas, de combustíveis e de alimentos.

“Realmente nesse momento de capacidade ociosa muito elevada na economia isso tende a diminuir o repasse para os preços ao consumidor”, diz José Ronaldo de Castro Souza Júnior, diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). “Temos que ver se essa medida será duradoura ou não. Pode ser que o próximo governante faça alguma alteração, ainda não sabemos se haverá manutenção dessa medida.”

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A nova tabela com os valores mínimos do frete em todo o território nacional corrige a primeira versão editada em 30 de maio para atender a uma das principais exigências feitas pelos caminhoneiros durante a greve que bloqueou estradas pelo país ao longo de onze dias no fim de maio. O cálculo da CNC considera apenas a última elevação na tabela do frete e não prevê novos aumentos até o fim de 2018.

“Como o comércio está no fim da cadeia, o custo é acumulado: a mercadoria já chega com preço mais elevado, que vem desde o fornecedor primário (produtor agrícola ou industrial)”, ressaltou Bentes.

No comércio atacadista, as despesas com a logística de mercadorias têm uma participação maior nos custos das empresas, de 15,4%. No varejo, o frete responde por 6% dos custos, enquanto no comércio automotivo o peso é de 5,1%. No comércio atacadista de combustíveis e lubrificantes, o transporte responde por 23% dos custos.

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O empresário Guilherme Neves, de 52 anos, conta que paga de frete 10% do valor das mercadorias que vende. Dono de uma loja de produtos artesanais no principal polo comercial popular do centro do Rio de Janeiro, ele vende de queijos mineiros a doces pernambucanos. “Tenho um acordo com outros 20 comerciantes da região, juntamos a encomenda e pagamos o preço do frete por unidade, se fosse por peso seria pior. Mesmo assim, pagar 10% de frete é coisa para caramba. O pequeno comerciante se lasca todo.”

A CNC estima que as despesas com frete somaram 50,7 bilhões de reais em 2017 considerando todas as empresas comerciais brasileiras, sendo 35 bilhões de reais no comércio atacadista, 13,6 bilhões de reais no varejista e 2,2 bilhões de reais no automotivo.

Ainda que nenhum outro reajuste seja autorizado na tabela até o fim deste ano, o impacto dos gastos adicionais com fretes corresponderá a um acréscimo final de 0,6% nas despesas totais do comércio em 2018.

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