Quem é a jovem não-herdeira que desbancou a fortuna de Taylor Swift
Lucy Guo largou a faculdade e virou bilionária ao cofundar a Scale AI, com contratos que vão da OpenAI ao Departamento de Defesa dos EUA

Em um mercado em que a inteligência artificial já é tratada como o novo petróleo, não surpreende que seus pioneiros estejam colhendo fortunas descomunais. Ainda assim, o caso de Lucy Guo chama atenção. Aos 30 anos, a programadora tornou-se a mulher mais jovem do mundo a atingir o status de bilionária self-made, superando nomes como Taylor Swift — cujo império fonográfico a leva a figurar entre as bilionárias mais jovens do mundo. Mas, diferente da cantora, Guo ergueu sua fortuna nos bastidores: rotulando dados, financiando engenheiros e construindo plataformas que vendem atenção — ou desejo.
Filha de imigrantes chineses e criada na ensolarada, mas brutalmente competitiva, região da baía de São Francisco, Guo nunca pareceu interessada em seguir caminhos convencionais. Aprendeu a programar ainda criança, largou a Universidade Carnegie Mellon ao ser aceita no Thiel Fellowship — um polêmico programa fundado por Peter Thiel que incentiva jovens brilhantes a abandonarem o meio acadêmico — e, em 2016, cofundou a Scale AI. A empresa nasceu para executar o trabalho “rejeitado” da IA: contratar trabalhadores para rotular dados usados no treinamento de algoritmos. Era o tipo de operação que poucos queriam fazer, mas todos precisavam.
A aposta deu certo. A Scale se tornou uma peça central no ecossistema da inteligência artificial, com contratos que vão de empresas como a OpenAI — que usa os serviços da startup para treinar modelos como o ChatGPT — até o Departamento de Defesa dos EUA, que utilizou suas ferramentas para interpretar imagens de satélite da guerra na Ucrânia. Hoje, a empresa está em vias de ser avaliada em US$ 25 bilhões, impulsionada por uma oferta pública de aquisição que permite a funcionários e antigos investidores venderem suas ações. Guo, que deixou a Scale em 2018 após desentendimentos com o cofundador e CEO, Alexandr Wang, manteve 5% da companhia. Só esse pedaço a transformou em bilionária — com um patrimônio líquido de US$ 1,25 bilhão (R$ 7 bilhões), segundo a Forbes.
Desde que saiu da Scale, Guo fundou a Backend Capital, um fundo de venture capital voltado a engenheiros e startups em estágio inicial. Um de seus primeiros cheques foi para a Ramp, uma fintech hoje avaliada em US$ 13 bilhões. Depois, em 2022, fundou a Passes, uma plataforma que opera na intersecção entre entretenimento, tecnologia e monetização direta — algo como o OnlyFans, e já captou mais de US$ 66 milhões.
A ascensão de Guo diz mais sobre o Vale do Silício do que sobre ela. Trata-se de um novo tipo de bilionária — moldada não pela herança, tampouco pela cultura pop, mas pela disrupção tecnológica. Em vez de canções, algoritmos. Em vez de fãs, usuários. Em vez de glamour, planilhas. Ainda assim, como qualquer estrela em ascensão, Guo também lida com suas controvérsias: no mês passado, a Passes foi alvo de um processo judicial por supostamente hospedar material de abuso infantil.